Paraná

Educação

Professores entram em greve contra o retorno de aulas presenciais no Paraná

Um dos principais pedidos é que funcionários sejam prioridade na vacinação

Curitiba (PR) |
Governo tinha programado a volta das aulas presenciais para o dia 18 de fevereiro, depois mudou para 1º de março - Divulgação/APP-Sindicato

Mais de mil trabalhadores da educação, em assembleia da APP-Sindicato, aprovaram greve geral a partir da data marcada pelo governo de Ratinho Júnior para reinício das aulas presenciais. Os profissionais da educação defendem que, neste momento, não há garantia à saúde e que professores e funcionários sejam prioridade na fila de vacinação, com a volta só após a imunização. O governo tinha programado a volta das aulas presenciais para o dia 18 de fevereiro, depois mudou para 1º de março.

A APP-Sindicato também denunciou que o governo emitiu resolução convocando professores do grupo de risco a voltar às aulas, entre eles gestantes, pessoas com mais de 60 anos e com comorbidades. Só os funcionários concursados em 40 horas poderiam manter o trabalho remoto. Os que têm apenas uma matrícula e os contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS), mesmo que do grupo de risco, não teriam esse direito.

O presidente da APP Sindicato, Hermes Leão, explica que a decisão pelo não retorno é em defesa da vida. “Estamos num período grave da pandemia. Não há segurança e garantias de que as vidas serão preservadas”.

Hermes complementa que o sindicato consultou especialistas da área médica e se pauta por experiências de países que tiveram de fechar escolas após a reabertura. “É olhar para o que já aconteceu na Europa. Aqui, no Paraná, vamos colocar, por dia, na rua, mais de 500 mil pessoas. Haverá aglomeração e não há protocolo de segurança para professores, funcionários. O sentimento é de medo. É preciso defender a vida e que as escolas abram após a vacinação”, diz.

Apoio de pais

Na quinta-feira (4), a APP-Sindicato, junto a estudantes, pais, mães e responsáveis, debateu o retorno das atividades presenciais. No encontro, que reuniu mais de 200 pessoas de forma virtual, ficou clara a preocupação.

Para Terezinha Maciel, mãe e representante da Federação das Associações de Pais, Mestres e Funcionários das Escolas Públicas do Estado do Paraná (Fepamef-PR), aponta que mesmo que os protocolos sejam aplicados, existe o risco fora das unidades. “Haverá aglomeração nos terminais rodoviários, nos ônibus. Não podemos terceirizar essa responsabilidade para os pais, o governo deve ter a responsabilidade de gerenciar esse retorno com segurança”. A APP-Sindicato manterá mobilização contra o retorno das atividades presenciais e também recorrerá ao Ministério Público do Paraná e ao Ministério Público do Trabalho.

Deputado apresenta projeto para aulas após vacinação

O deputado Tadeu Veneri (PT) apresentou projeto para garantir a proteção dos trabalhadores da educação. O texto inclui professores e funcionários das escolas no grupo de trabalhadores prioritários para receber a vacina na primeira fase.

“O governo tem de investir na compra de vacinas para estender o programa. Essa é uma condição básica para o retorno seguro das atividades presenciais“, ressalta.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed), pedindo um posicionamento oficial, mas não obteve retorno. 

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini