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Artigo | Olhar a história da luta das mulheres é construir os caminhos de um futuro

O ajuste para que a sociedade e a economia continuem funcionando recai sobre o tempo, o trabalho e a saúde das mulheres.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
O 8 de março é um processo de experiência política que tem origem na auto-organização das mulheres. - Foto: Divulgação/EBC

O Brasil ultrapassou a marca de 264 mil mortes por covid-19. Não temos um plano nacional de vacinação, não temos auxílio emergencial, vivemos uma agenda de desmonte do Estado e de privatizações ao passo que as grandes corporações expandem seus lucros. Com isso, inspiradas nas companheiras russas do partido socialista que, em 1917, ocuparam as ruas lutando contra a fome e a guerra, neste 08 de março, nós, mulheres do Brasil, lutamos pelo FORA BOLSONARO! VACINA PARA TODA A POPULAÇÃO! AUXÍLIO EMERGENCIAL JÁ! PELO FIM DA VIOLÊNCIA!

O ajuste para que a sociedade e a economia continuem funcionando recai sobre o tempo, o trabalho e a saúde das mulheres. Sobre os nossos corpos, pesa a sobrecarga do trabalho doméstico, cuidado com as crianças e doentes, e a gestão da escassez, visto que os preços dos alimentos estão cada vez mais altos e o salário mínimo mal dá para pagar as contas.

Esse é o retrato de um estado neoliberal, um estado que coloca os interesses do mercado na frente dos interesses da vida, das políticas sociais e do bem viver. A violência é a marca desse modelo, de escassez da vida e produção de morte, seja o aumento da violência contra as mulheres cis, trans ou travestis, seja o genocídio da população negra, o avanço contra terras indígenas e quilombolas e a violência contra imigrantes.

O 8 de março é um processo de experiência política que tem origem na auto-organização das mulheres, mas é parte de uma ação geral de formação da classe trabalhadora. Olhando para as experiências da Frente de Mulheres do Cariri; do grupo Orquídeas, na comunidade do Parque Santana; das mulheres da economia solidária do grupo Estrela de Iracema; das mulheres agricultoras rurais; da Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão; para a luta das mulheres quilombolas; para as mulheres do campo e da cidade, da floresta e das águas. Olhando para essas conexões concretas da vida das mulheres nos territórios e na unidade histórica do movimento feminista é que construímos o enfrentamento a esse governo genocida.

*Cientista Social e militante da Marcha Mundial das Mulheres.

Edição: Francisco Barbosa