Pernambuco

ÁGUA.

Programa de construção de cisternas sofre cortes no orçamento pelo governo Bolsonaro

O P1MC, maior programa de armazenamento de água do país, chegou ao pior patamar dos últimos 17 anos.

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Programa Um Milhão de Cisternas já beneficiou 5 milhões de brasileiros e entregou 1,5 milhões de cisternas
Programa Um Milhão de Cisternas já beneficiou 5 milhões de brasileiros e entregou 1,5 milhões de cisternas - Reprodução ASA

Em 2020, segundo ano do governo Bolsonaro, o maior programa de armazenamento de água do país chegou ao pior patamar dos últimos 17 anos. De acordo com dados de uma reportagem do Portal Uol, o programa de cisternas sofreu uma queda de 94% nos últimos seis anos, com a implantação de apenas 8.310 equipamentos ano passado. Em 2014, o número chegou a 149 mil. Confira na reportagem:

Entretanto, segundo a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), há pelo menos 350 mil famílias que aguardam na fila de espera pelas cisternas e mais de 800 mil precisam do equipamento para a produção de alimentos e criação de animais, como explica a integrante da coordenação-executiva da entidade, Glória Batista “Nós estamos, cada vez mais, com o recurso público reduzido para a construção de cisternas e de tecnologias sociais de captação e de estocagem de água, porque a questão da água não está resolvida. Então, é preciso continuar lutando por água, água é direito, água é um patrimônio do povo, é um bem comum. Então, a água tem que chegar até as pessoas”.

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Desde que foi criado em 2003, no governo Lula, o Programa Um Milhão de Cisternas já beneficiou 5 milhões de brasileiros e entregou 1,5 milhões de cisternas. Ele chegou a ser premiado pela ONU e se tornou uma referência internacional como projeto de democratização do acesso à água. Glória aponta que o programa é um marco histórico “É bom frisar, que só a partir dos anos 2000, e eu quero enfatizar 2003, como um marco na história do Semiárido brasileiro, porque até antes, água - água é direito -  mas a água sempre estava destinada às grandes propriedades, ao latifúndio, era pra lá que iam os investimentos públicos, para as grandes propriedades, para os fazendeiros.

O equipamento armazena água da chuva, que é utilizada para beber e cozinhar e trouxe um impacto positivo também na produção agrícola e geração de renda no Semiárido brasileiro. A família da agricultora Carla Maria, de Bom Jardim, no agreste pernambucano, foi uma das beneficiadas pelo programa “Através desse programa muita coisa mudou, melhorou bastante. Porque a casa da gente não era grande, mas pelos cálculos que o pessoal fizeram ela enchia a cisterna. Com essa cisterna construída, a gente tinha água pra beber, cozinhar e, a gente sempre fez queijo, aí a minha mãe tirava água também para lavar os queijos”.

Um levantamento da ASA, feito ano passado, apontou que o investimento de 50,7 milhões de reais do Governo Federal ao programa, já era o menor dos anos anteriores e não estava sendo executado. 

Para a entidade, o programa vive um momento crítico e a redução nos recursos impacta diretamente a população, como afirma Glória “A conjuntura política é muito ruim, e também vivemos uma crise sanitária. O governo que deveria agir em favor da população, em defesa da sociedade, é um governo que exclui, que exclui a maioria da sociedade e isso faz com que ocorra, isso traz como consequência a pobreza

Procurado pela reportagem, o Ministério da Cidadania não retornou. Enquanto isso, segundo o Ministério da Integração Nacional, 27 milhões de pessoas residem no Semiárido brasileiro, e elas ainda sofrem com dificuldades de acesso à água.

 

 

Edição: Monyse Ravena