Pernambuco

CHOCOLATE

Ovos artesanais valorizam matéria prima nacional e aquecem comércio local

Em Petrolina, o chocolatier Júnior Bragança produz ovos com ingredientes, estética e sabores brasileiros

Brasil de Fato | Petrolina (PE) |
Valorização dos sabores brasileiros é um dos diferenciais, a exemplo do ovo de Cocada Preta - Vitor Lima

Cocada preta, chips de banana e castanhas. São esses e outros ingredientes brasileiros que recheiam os ovos de páscoa do chocolatier Junior Bragança. Com o lema “Páscoa Sabor Brasil”, a ideia é trazer o sabor, as cores e a estética brasileira para os ovos de chocolate tão vendidos neste período.

Este é o primeiro ano em que Júnior trabalha diretamente com as vendas, já que anteriormente seu foco eram os cursos na área de confeitaria. “Na verdade eu nunca tinha pensado entrar para esse mercado de venda direta. A pandemia pegou muita gente na empresa. Eu trabalhava diretamente com serviços. E aí nesse processo eu conheci o movimento Bean-to-bar (do grão à barra), que é do de fazer o próprio chocolate, do grão do cacau até a barra. Sabe aquela coisa de fazer os olhos brilharem? Eu achei muito brasileiro, muito original a experiência”, relembra. 

Agora, com a Bragança Chocolates, sua microempresa que nasceu no período natalino, a ideia é aliar sustentabilidade e a valorização dos ingredientes brasileiros. As embalagens dos produtos não levam plástico e o chocolate é feito com grãos de cacau plantado no método “cabruca”, um tipo de sistema agroflorestal que não desmata áreas nativas.


Embalagem dos ovos é feita com tecidos e sem plásticos, levando em consideração a questão ambiental / Vitor Lima

Júnior explica que a busca do formato e dos sabores se ligam a essa preocupação de valorizar o meio ambiente e os sabores nordestinos. “A gente  utiliza bastante a castanha e depois o cacau. Depois veio o chocolate com banana chips pra trazer um crocância. Nossos ovos são em formatos de cacau, pra remeter toda essa coisa do chocolate artesanal. Esse cacau tem origem no sul da Bahia. Também tem ovo com cocada preta. E ele foi um que a gente realmente pensou no “O que que a baiana tem?”. No tabuleiro da baiana tem cocada. Então, por que não?! É de todos esses pensamentos e da valorização da nossa própria cultura, do que a gente tem de melhor, que nasceu esse catálogo de Páscoa”.

De acordo com dados do Sebrae, no Brasil há 6.500 microempreendedores individuais (MEIs) que faturam até R$ 81 mil por ano trabalhando na fabricação de derivados do cacau e chocolate. Junior avalia que as dificuldades do setor existem com a pandemia, mas que o momento é de valorização das produções artesanais. “O consumidor quer cada vez mais conexão com a empresa, com o fornecedor e quer conhecer como o produto é feito, quem faz, quer conhecer a empresa, pelo que essa empresa luta. Então, essa busca que a gente tem percebido do em todas as áreas favoreceu esse aumento dos consumos de ovos artesanais. É interessante que às vezes é aquela mulher que é dona de casa, que faz ovos. E aí uma amiga compra, a outra indica e por aí vai. E é um movimento muito válido”, ressalta.

Trabalhando na venda por microlotes, ele agora corre contra o tempo para realizar as últimas encomendas desta semana, mas faz um balanço positivo. “Sempre tem os que buscam de última hora. Como eu gosto de abraçar meus clientes, então tenho que encaixar da melhor forma, às vezes numa data melhor para mim, para o cliente, por aí vai. Eu consegui, sim, fazer uma boa venda nessa Páscoa. E como minha avó sempre disse: ‘a gente tem que tirar leite de pedra’”, brinca.

Edição: Vinícius Sobreira