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RN nunca teve tantos jovens e adultos com covid-19 em UTIs

Na terça-feira (11), 61,29% das pessoas internadas em leitos críticos tinham menos de 60 anos contra 38,71% de idosos

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O Regula RN e Sistema de Gerenciamento de Leitos covid-19 também não inclui pacientes em leitos de estabilização, como UPAs - ASSECOM/RN – Elisa Elsie

O perfil dos pacientes graves de covid-19 vem se tornando mais jovem desde o início de março. Nesta semana, a diferença entre o número de idosos e não idosos internados cresceu ainda mais no Rio Grande do Norte.

Na terça-feira (11), 61,29% das pessoas internadas em leitos críticos tinham menos de 60 anos contra 38,71% de idosos. Eram 228 não idosos em UTIs, o maior número desde o início da pandemia, além de 144 idosos.

Os dados se referem apenas à rede pública de hospitais. Na mesma data, havia pelo menos 137 pacientes em tratamento intensivo na rede privada, mas não há detalhes sobre as idades deles. O Regula RN e Sistema de Gerenciamento de Leitos covid-19 também não inclui pacientes em leitos de estabilização, como UPAs.

O médico infectologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Ion de Andrade explica que a redução de mortes e internamentos dos mais velhos se deve ao avanço da vacinação desse público. Essa inversão da proporção é natural que ocorra. O problema é que não há redução de infectados, os mais jovens estão ficando mais doentes.

“O que a gente tem visto não é só um aumento proporcional, é uma explosão de casos. Aqui a gente teve em torno de 50 leitos deixados de ser ocupados pelos idosos e que foram folgadamente substituídos por jovens. A fila de espera por leitos aumentou ainda mais. Eram 20 e agora são 40”, detalhou.

O percentual de internados não idosos só foi maior que o registrado agora no início da pandemia, em 2 de maio de 2020, quando chegou a 67,65%. Mas naquela época correspondiam a 23 pacientes.
É nacional a tendência de agravamento da covid em faixas etárias mais baixas. Na última semana, o Brasil se comoveu com a morte do ator Paulo Gustavo, de 42 anos, que não possuía qualquer comorbidade, era saudável, e teve acompanhamento adequado desde o começo da infecção, tendo acesso a tratamento que se assemelha ao uso de um pulmão artificial.

Ion de Andrade acredita que a alta de casos no RN pode também contar com componente sazonal. “O pico em 2020 foi junho e é o mês mais úmido para nós. Isso tem lógica biológica porque aumenta o tempo de permanência das gotículas no ar ambiente, o que pode ser um fator de piora da epidemia, além das variantes, que realmente parecem ser mais capazes de produzir casos graves em jovens”.

De acordo com o site do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) Lais, nos últimos 30 dias morreram 305 pessoas com menos de 60 anos e 423 acima dessa faixa etária.

Das pessoas que se internaram no mês de abril no sistema público do RN e morreram, 142 tinham 60 anos ou menos e 200 eram idosos, de acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).

O estado já registra 238.142 casos da doença e 5.740 mortes confirmadas, das quais, 755 estavam na fila para UTI, mais 1.173 suspeitas. Natal é responsável por 2.231 óbitos.