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Coluna

Variante brasileira de outro vírus provoca sequelas e mortes, mas passa desapercebido

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"O vírus penetrou fundo no 'tecido social' e o Estado já não investe mais em obras para gerar emprego para sua gente" - Reprodução
O vírus do qual falo é o capitalismo, da 'cepa' conhecida como 'neoliberalismo'

 

Se o PIB no Brasil cresceu, por que aumentou assustadoramente a pobreza dos que enfrentam a luta contra a covid-19 nas ruas indo ao trabalho ou procurando-o para sobreviver?

 


PIB brasileiro cresceu apesar da piora da pandemia / Reprodução

Bilionários brasileiros aumentaram em 27% suas fortunas durante a pandemia. Isto quer dizer que quem tinha R$ 100 bilhões, como Jorge Paulo Leman, agora já tem R$ 127 bilhões. Esta diferença, de 27 bilhões de Reais, dá para pagar o Bolsa Família para todos os cadastrados no programa durante um ano.

E toda esta grana na mão de uma pessoa só, que praticamente não paga impostos. Porque ele vive de LUCROS E DIVIDENDOS de ações que no Brasil não pagam um centavo de imposto. São isentos.

Enquanto isso, o número de desempregados só aumenta, na mesma proporção que aumenta o número de pobres e miseráveis.

O vírus do qual falo é o capitalismo, cuja “cepa” conhecida como “neoliberalismo” se aproveita da Revolução Tecnológica para entrar em corações e mentes e convencer pessoas que só vivem por que trabalham, de que são empreendedores e não precisam de direitos. Acham que fazendo bolos, entregando refeições de bicicleta ou de moto, levando passageiros para lá e para cá, um dia poderão ser como o Leman.

Contaminados pelo vírus, passam a achar que direitos inscritos na Constituição da nação são privilégios que só devem ser de quem “fez por merecer por que trabalhou”.

Mas se todos tiverem que fazer bolos, cortar cabelo, fazer entregas ou transportar gente, quem comprará os bolos, quem pagará pelo corte de cabelo, pelos bolos ou pelas corridas? Os pouquíssimos que conseguirem ser mais espertos que os outros, como Leman, os Marinho e outros foram.

Todos os outros milhões de pessoas vão viver de trocas se tiverem o que e onde produzir. Senão, morrem de fome. E alguns poucos dos que estiverem a ponto de morrer de fome serão “agraciados” com a bondade de bilionários com meia dúzia de casas, como o Leman anunciou na Globo que fará em algum lugar do Brasil, com uma pequena parte do dinheiro que NÃO paga em impostos.

Ou então, pode ser um premiado entre milhões, para ir receber uma “dádiva” num programa do Huck num domingo qualquer.

Ou pode ser um dos selecionados para o tal BBB, ajudar os Marinho a engordarem ainda mais sua fortuna. Na edição deste primeiro semestre, o BBB rendeu mais de R$ 1 bilhão e a feliz ganhadora, milionária e com milhões de seguidores a mais, ganhou 0,15% deste valor. Isto: zero vírgula 15 por cento.

E como agora é “milionária”, como os poucos milionários que há por aqui, vai se condoer pelos milhões de pobres e também vai ajudar a fazer alguma campanha de caridade para beneficiar alguns, talvez uns 100 seres que não foram agraciados pela caridade de outros.

Esta “privilegiada” turma que não paga impostos é a que mais campanha faz para que menos impostos ainda haja e o Estado não tenha mais condições de dar o que é direito de TODOS: Educação, Saúde, Segurança e um mínimo de vida digna.

O vírus penetrou fundo no “tecido social” e o Estado já não investe mais em obras para gerar emprego para sua gente e nem oferece mais Educação, Saúde e Segurança para todos.

É hora de pelo menos domar a “cepa” brasileira deste vírus, antes que ele destrua a nação.

* Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Marcelo Ferreira