Desmonte

Bolsonaro extingue a Ceitec, estatal brasileira referência na fabricação de chips

Empresa de tecnologia foi criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A Ceitec, criada em 2008 e sediada em Porto Alegre, é a única empresa no Brasil que atua na produção de circuitos integrados - Divulgação

Na última quinta-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinou a extinção do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). A estatal foi fundada em 2008 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua sede está em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

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A Ceitec, que está vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, é conhecida como “estatal do chip boi”, por ter desenvolvido o chip para rastreabilidade bovina, e é a única empresa da América Latina que fabrica completamente chips com silício, cobrindo toda a escala de produção.

A recomendação pela extinção foi formalizada pelo conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), sob a alegação de que, apesar de aportes de R$ 800 milhões em duas décadas, a estatal ainda depende de injeções anuais de pelo menos R$ 50 milhões para cobrir a diferença entre receitas e despesas.

Números do próprio PPI projetam, no entanto, que essa diferença deixa de existir até 2028, mesmo no cenário mais pessimista. E essa trajetória pode ser acelerada para um balanço positivo na metade do tempo estimado, segundo os trabalhadores da Ceitec, que chegaram a levar ao governo federal um plano para manter a estatal de tecnologia funcionando, que envolve cortes de custos e perspectivas comerciais já em curso.

Em Porto Alegre, a Ceitec fabrica, além dos chips, etiquetas eletrônicas e sensores, que são utilizados em meios de pagamento eletrônico como cartões ou aparelhos de pagamento rápido em estacionamentos e pedágios.

A Ceitec mantém 180 servidores em seus quadros, todos contratados sob regras da CLT. Em medida entendida pelos trabalhadores como sinalização para extinção da empresa, 34 funcionários foram demitidos no mês de abril deste ano.

Comum no governo de Jair Bolsonaro, o comando da estatal foi entregue a um militar, Abílio Eustáquio de Andrade Neto, general da reserva do Exército. Na Justiça, os trabalhadores tentam reverter as demissões e o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRF-4), de Porto Alegre, determinou uma nova rodada de negociações para a próxima sexta-feira (11).

 

Edição: Mauro Ramos