Rio Grande do Sul

Meio Ambiente

Amigos da Terra Internacional completou 50 anos de luta por justiça ambiental

Organização presente em mais de 50 países tem atuação no Brasil em parceria com movimentos sociais e populares

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Participação da Amigos da Terra Brasil e da federação internacional (ATI) na Marcha contra as Corporações durante a Rio+20 e Cúpula dos Povos em 2012 - Crédito: Arquivo Amigos da Terra Brasil

No último sábado (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, a Federação Amigos da Terra Internacional (ATI) completou 50 anos de luta por justiça ambiental. A organização foi fundada em 1971 por quatro entidades da França, Suécia, Inglaterra e Estados Unidos (EUA), sendo atualmente a maior federação ambientalista de base do mundo, composta por organizações e núcleos locais presentes em 73 países e com mais de 2 milhões de militantes e associados. Destes, 13 estão localizados nas regiões da América Latina, incluindo o Brasil, e do Caribe.

Nesses 50 anos de história, a Amigos da Terra Internacional (Friends of the Earth International/ FoEI, sigla em inglês) ampliou sua atuação para um trabalho voltado à construção do poder popular, de forma a garantir a soberania dos povos e o fortalecimento de iniciativas emancipatórias que venham enfrentar as crises sistêmicas desde uma perspectiva de justiça em todas as suas dimensões – ambiental, social, econômica e de gênero.

Em compromisso com a Solidariedade Internacionalista, a FoEI é hoje celebrada como ator político na luta para desmantelar todas as formas de opressão e exploração, sejam elas a de classe, o patriarcado e a heteronormatividade, colonialismo e o racismo, o imperialismo e o poder empresarial.

Recentemente, o Tribunal de Haia condenou a petrolífera Shell a reduzir suas emissões de gás carbônico (CO2) em 45% nos próximos 10 anos e, em resposta a uma ação internacionalista encabeçada pela Amigos da Terra Holanda, reconheceu que a petrolífera é responsável pela violação do direito à vida.

As violações e violências contra comunidades onde faz a extração de petróleo sem o consentimento, a retirada de populações de seus territórios, vazamentos sem responsabilização e nem reparação, são há muito tempo denunciadas por diversos grupos da federação em todos os continentes. Mas pela primeira vez, um tribunal reconhece e responsabiliza uma transnacional por causar mudanças climáticas perigosas e pelas emissões ao longo de sua cadeia global de produção – de seus clientes e provedores.

No Brasil, junto à agência de notícias Repórter Brasil, a Amigos da Terra Brasil trabalhou para desmascarar o papel que a petroleira Shell teve no golpe de 2016 no governo Dilma e seus interesses envolvidos na privatização do Pré-Sal junto ao presidente Michel Temer.

Entendendo que para mudar o sistema é preciso um projeto político forte e um horizonte comum, a Federação Amigos da Terra Internacional estabelece alianças estratégicas globais que se territorializam no dia a dia das suas organizações membro, principalmente com a Via Campesina e com a Marcha Mundial das Mulheres, num entendimento que de é necessário “globalizar a luta e a esperança” e colocar a vida no centro da economia e da política.

A Amigos da Terra no Brasil

A Amigos da Terra Brasil (ATBr) está sediada em Porto Alegre (RS). Sua história iniciou em 1964 com a fundação da Ação Democrática Feminina Gaúcha (ADFG), um grupo de mulheres dedicadas à promoção da cidadania que, por meio da liderança de Giselda Castro e Magda Renner, construíram de forma inédita uma trajetória de referência no ativismo político ambiental.

Depois, a entidade agregou a ecologia como foco de sua atuação e, junto com outras organizações que fundaram a Apedema (Assembleia Permanente em Defesa do Meio Ambiente), foi pioneira na construção do movimento ambientalista gaúcho e brasileiro. A organização encabeçou lutas importantes da época, as quais nos impactam até hoje, como a denúncia dos prejuízos ambientais e das doenças provocadas pelo uso de agrotóxicos nas lavouras, a defesa de políticas públicas em prol da produção agroecológica e o combate ao desmatamento da Floresta Amazônica.

Em 1981, a organização foi convidada a ingressar na federação internacional (FoEI) e passou a se chamar Amigos da Terra, sendo até hoje o único membro no Brasil. A ATBr atua junto a outras organizações ambientais, movimentos sociais, agricultores camponeses, redes de produção e comercialização de agroecológicos e a comunidades indígenas e quilombolas de todo o país.

Há anos, questiona o modelo energético brasileiro, baseado na construção de megausinas hidrelétricas ou a carvão para geração de energia, e atua na defesa do Pampa, bioma de biodiversidade única impactado pela pecuária e pela expansão da monocultura do pínus e do eucalipto, atualmente ameaçado pelos megaprojetos de mineração.

Hoje em dia, a organização vem denunciando em nível nacional e internacional casos de violação dos direitos humanos, como o ocorrido com o despejo forçado da Vila Nazaré para ampliação da pista do aeroporto de concessão da Fraport em Porto Alegre (RS), apoia os indígenas Guarani na retomada e demarcação de seus territórios e compõe o Comitê Contra a Megamineração no Rio Grande do Sul, que enfrenta a perspectiva do estado virar a nova fronteira mineral do Brasil.

Neste sábado (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, os 50 anos da Amigos da Terra Internacional foi marcado com o lançamento da publicação "Do campo à cidade: histórias de luta pelo direito dos povos à terra e à vida". 

*Com informações da Amigos da Terra Brasil.


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Edição: Katia Marko