Rio de Janeiro

VIOLÊNCIA

Adolescente é baleado na cabeça, dentro de casa, durante operação da polícia no RJ

Operação "Coalizão de Bem" contra criminosos que fugiram para o estado reuniu agentes do Rio, de São Paulo e do Amazonas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Complexo da Penha Thiago
Parentes disseram que jovem tinha acabado de acordar e estava dentro de casa quando foi atingido na cabeça - Reprodução

Um adolescente de 16 anos foi baleado na cabeça nesta sexta-feira (18) durante uma operação da Polícia Civil no Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. Thiago da Conceição estava dentro de casa quando foi atingido. Ele chegou a ser levado por familiares para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

Após a operação, o subsecretário da Polícia Civil do RJ Rodrigo Oliveira disse à imprensa que não havia agentes na região onde o adolescente foi baleado, mas afirmou que o caso será apurado. Ao jornal O Dia, um parente de Thiago disse que a família tinha acabado de acordar quando ele foi atingido.

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A operação, nomeada como "Coalizão do Bem", reuniu 400 agentes do Rio e dos estados de São Paulo e Amazonas e contou com o apoio da Polícia Militar. A ação teve como objetivo prender cerca de 100 traficantes de outras regiões que fugiram para comunidades do Rio de Janeiro, segundo a polícia.

A Polícia Civil informou que apreendeu dinheiro, granadas, fuzis e drogas e bloqueou R$ 127 milhões em bens de criminosos. Além das apreensões, 15 pessoas foram presas e três foram mortas - duas no Rio e uma em Manaus.

Durante a manhã desta sexta-feira (18), moradores relataram nas redes sociais que estavam com dificuldades para sair do bairro a caminho do trabalho. Após a morte de Thiago, houve protestos nas ruas do bairro e repressão da polícia.

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A deputada Renata Souza (Psol) disse que o governador do estado, Cláudio Castro (PSC), precisa ser responsabilidade por autorizar incursões policiais que estão descumprindo a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como "ADPF das Favelas", no âmbito de uma decisão em que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu operações no estado durante a pandemia.

"O Complexo da Penha vive uma manhã de terror devido à operação que acontece com apoio de cerca de 400 agentes. Casas invadidas, comércios destruídos, posto de saúde fechado e vacinação interrompida. O governador Cláudio Castro precisa ser responsabilizado por desrespeitar a ADPF 635 e pela morte de Thiago", disse a deputada.

O governador do Rio não comentou a morte do adolescente.

Edição: Eduardo Miranda