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Protesto

3J: Manifestantes voltam às ruas do Rio para pedir impeachment de Bolsonaro

Terceiro grande ato em menos de dois meses tem adesão de mais movimentos e partidos e repercute denúncias contra governo

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
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Manifestantes marcharam pelos quase quatro quilômetros da Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio, pedindo impeachment de presidente - Stefano Figalo/Brasil de Fato

Com a adesão de novos partidos e de mais movimentos populares, manifestantes voltaram às ruas do Rio de Janeiro neste sábado (3) para protestar contra o governo federal e pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Este é o terceiro ato em menos de dois meses a ocupar a larga Avenida Presidente Vargas, uma das principais vias do centro da capital fluminense.

Muitos dos cartazes levados ao ato e dos gritos de ordem ouvidos ao longo dos quase quatro quilômetros de trajeto faziam menção às denúncias sobre superfaturamento na compra de vacinas e ao crime de prevaricação que teria sido cometido por Bolsonaro ao deixar de determinar uma investigação a partir de um alerta de fraude feito em março. 

Em um dos carros de som, a cantora Teresa Cristina cantou o samba "História pra ninar gente grande", que a escola de samba Mangueira apresentou no Carnaval de 2019 e que faz uma homenagem a personagens da História do Brasil, como a vereadora Marielle Franco (Psol), executada em março de 2018. A sambista foi acompanhada pelos manifestantes na letra da música e no "Fora Bolsonaro".

"É uma pena que a geração de 1968, que já viu tanta coisa, esteja novamente passando por tudo isso de novo. E esse presidente sujo, que vem com um papinho de 'Me chama de corrupto'... Você é corrupto, sim! É muito corrupto! Fora Bolsonaro!", gritou Teresa Cristina.


Manifestantes usam máscara de proteção contra covid em protesto no Rio / Stefano Figalo / Brasil de Fato

Também presente na manifestação, o deputado estadual Flávio Serafini (Psol) disse ao Brasil de Fato que este terceiro ato marca uma virada em relação aos anteriores. Segundo o parlamentar, o aprofundamento das investigações e a repercussão da CPI da Covid, no Senado Federal, bem como as primeiras manifestações, mostra que a extrema-direita "está perdendo as ruas".

"Muitos que dialogaram com Bolsonaro, outros que não dialogaram, mas minimizaram a gravidade do que ele representa, hoje se colocam em marcha para derrotar esse governo. Isso é muito importante, é parte do processo de isolamento da extrema-direita, de isolamento desse núcleo fascista representado por Bolsonaro. Esse ato de hoje marca um novo momento, aqui no Rio, em São Paulo e no Nordeste brasileiro",  disse Serafini.

Líder sindical e trabalhador da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), Ary Girota fez uma fala no carro de som contra a reforma administrativa do governo federal e contra a aliança do governador do Rio, Cláudio Castro (PSC), e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, com Bolsonaro para levar adiante as privatizações no país, como ocorreu com a Cedae.


Este é o terceiro ato em menos de dois meses a ocupar as vias do centro da capital / Stefano Figalo/ Brasil de Fato

"É fundamental defender a vida, a democracia. O inimigo do povo brasileiro chama-se Jair Bolsonaro e toda camarilha que o acompanha. Luiz Fux deveria se declarar impedido de decidir qualquer coisa relacionada ao Rio de Janeiro. Estava ontem de mãos dadas com Cláudio Castro. Como um ministro como esse autoriza a privatização da água, do acesso à água? Vamos à luta contra a reforma administrativa e toda sorte de opressão", reivindicou Girota.

Os protestos deste sábado (3) ocorreram em todas as capitais e em diversas cidades brasileiras e são uma sequência aos atos de 29 de maio e 19 de junho, que demonstraram a enorme insatisfação popular com o governo federal. As manifestações haviam sido convocadas para o dia 23 de julho, mas o desgaste de Bolsonaro provocado por denúncias de corrupção e propina na compra de vacinas antecipou a mobilização.

Edição: Mariana Pitasse