Pernambuco

Coluna

Novos gritos do povo excluído

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"Deus tem um projeto para o mundo e esse projeto inclui a organização social e política da sociedade" - Reprodução / Twitter
Participar do Grito dos Excluídos e Excluídas é não só ato de cidadania, mas também de fé

Mesmo em meio à pandemia que ainda nos ameaça com novas cepas, os movimentos sociais se unem às pastorais de Igrejas na organização do 27º Grito dos/as Excluídos/as. 

Durante esta semana, na qual o Brasil recorda a sua independência de Portugal, de norte a sul do país, as manifestações populares nos dizem que a independência política tem de ser completada por verdadeira libertação de todas as pessoas que vivem no país. Por isso, é importante que todos e todas escutem o grito das multidões de brasileiros e brasileiras ainda excluídos/as dos seus direitos básicos.

 O tema deste XXVII Grito resume gritos novos e antigos em um só assim formulado: “Vida em primeiro Lugar! “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!”. 

Este tema com seus diversos gritos se insere na campanha Fora Bolsonaro, que não é apenas dos excluídos e excluídas. Abrange pessoas de todas as categorias que não querem compactuar com a barbárie. O Brasil vive sob constantes ataques à nossa soberania e democracia. Cada dia, o presidente e sua base ameaçam o povo brasileiro com novo golpe, ora com palavras, ora com tanques das Forças Armadas, ora com chantagens ao Congresso. Desgasta a relação entre as instituições, como nos últimos dias, com notícias falsas e estímulo ao ódio aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 

Em um momento no qual o mundo inteiro está alarmado com as consequências dramáticas do aquecimento global e a ONU prepara duas conferências sobre mudanças climáticas, o governo brasileiro privilegia o modelo depredador, favorece  queimadas e aposta na destruição da natureza. Toma como inimigos os povos originários e, a cada dia, aprova medidas para lhes roubar terra e direitos adquiridos. 

O povo brasileiro amarga um dos piores índices de desemprego da nossa história e um aumento descomunal do trabalho informal e mal remunerado. Por tudo isso e para dar um basta nesta situação, toda pessoa de boa vontade e que ama a vida é convidada a se manifestar nesta semana e especialmente no dia 7 de setembro, no 27º Grito dos Excluídos e Excluídas e nesta Campanha Fora Bolsonaro!

Juntos por um país verdadeiramente independente, sem genocídio da população pobre, negra e indígena, com justiça social e oportunidades para que o povo volte a sonhar e ter orgulho de ser brasileiro.

É urgente mobilizar as comunidades excluídas dos direitos básicos, para que participem nas etapas de formação e mobilização social, especialmente pelo direito à vacina, ao auxílio emergencial e Fora Bolsonaro, assim como nos mutirões pela vida da 6ª Semana Social Brasileira, promovida pela CNBB e por vários organismos da sociedade civil e  que está em processo de construção.

Ainda há quem pense que religião nada tem a ver com política. Os profetas da Bíblia nunca pensaram assim. Mostraram que a atitude fundamental para adorar a Deus é lutar pacificamente pela justiça e pelo direito de todos. Jesus Cristo tomou como missão testemunhar o reino de Deus e nos ensinou a orar: Venha a nós o teu Reino. Isso significa que Deus tem um projeto para o mundo e esse projeto inclui a organização social e política da sociedade a partir da justiça eco-social e da Paz. 

O próprio termo Igreja que o apóstolo Paulo usou para denominar as comunidades de discípulos e discípulas de Jesus era o nome das assembleias de cidadãos nas cidades do Império. Portanto, o próprio fato de se constituir como assembleias (Igrejas) revela que a vocação das comunidades cristãs é serem células de um mundo transformado. Por isso, para quem tem fé, participar do Grito dos Excluídos e Excluídas é não só ato de cidadania mas também de fé e espiritualidade. O próprio Jesus está nesse grito e nos chama recordando suas palavras: “Eu vim para que todos e todas tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10).

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal

Edição: Vanessa Gonzaga