Pernambuco

OCUPAÇÃO

Cerca de 200 famílias ocupam terreno abandonado há mais de 15 anos na zona sul do Recife

O MTST cobra da prefeitura a desapropriação do terreno; movimento iniciou campanha de doação de alimentos para famílias

Brasil de Fato | Petrolina (PE) |
Segundo o MTST, desde 2015 o imóvel está em ameaça de penhora pelo não pagamento das dívidas - Foto: MTST/Divulgação

Desde o último sábado (4), cerca de 200 famílias ligadas ao Movimento de Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ocuparam um terreno no bairro de Setúbal, na zona sul do Recife. Segundo o MTST, o imóvel estava abandonado há mais de 15 anos e com um histórico de mais de R$ 500 mil em dívidas de IPTU e outros impostos ao município, ao estado e ao Governo Federal. 

A ocupação recebeu o nome de “8 de Março”, dando foco às mulheres, em especial às mulheres negras, que são as mais atingidas nesse contexto de pandemia. Com as famílias, a improdutividade do terreno deu lugar a mutirões de limpeza e a construção de uma cozinha coletiva.  

As famílias da ocupação são de áreas da periferia próximas à região do terreno que vivem em situação de vulnerabilidade social, uma vez que inúmeras comunidades estão em casas de palafitas, por exemplo. "A ocupação é um processo de denúncia e de cobrança do poder público para dar uma finalidade para esse terreno, que seja para moradia", defende Vitória Genuíno, da coordenação nacional do MTST em Pernambuco.  

Ainda segundo o Movimento, desde 2015 o terreno está em ameaça de penhora pelo não pagamento dos impostos. Vitória Genuíno explica que o dono do imóvel já compareceu ao local e entrou com um processo de reintegração com juiz em plantão. O pedido não foi atendido porque o juiz em questão informou não ter competência para essa tomada de decisão. "A gente faz uma avaliação de que essa semana ele deve entrar novamente com o pedido", afirma. Por isso, a cobrança é para que a Prefeitura do Recife faça a desapropriação do terreno. 

O Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com a Prefeitura da Cidade do Recife para saber qual a posição da administração municipal sobre a situação, mas até o momento do fechamento desta matéria não recebeu nenhuma resposta.

Construção coletiva

Nesse meio tempo, as famílias da ocupação se organizam coletivamente para dar função social ao imóvel antes abandonado. “Esses primeiros dias tem sido de organização do espaço, porque tem muito mato e lixo”, comenta Vitória. Ela explica que as famílias seguem a metodologia do movimento, que é a construção de uma cozinha coletiva e de um barracão onde são feitas as atividades e reuniões. 

No domingo (5), aconteceu a primeira assembleia do local para debater questões coletivas e políticas. Estiveram presentes para prestar apoio a vereadora Dani Portela (PSOL) e a co-deputada Jô Cavalcanti (PSOL) das Juntas Codeputadas. 

Doações

O MTST convida a todos a doarem alimentos, materiais de higiene e recursos para a manutenção do espaço. Doações em dinheiro estão sendo recebidas através do pix  [email protected]. Mais informações podem ser acompanhadas através do Instagram @mtstpernambuco. 

 

Edição: Vanessa Gonzaga