Pernambuco

COMUNICAÇÃO

Campanha Mãos Solidárias leva formação de comunicadores populares para a periferia da RMR

Formação acontece em parceria com o Brasil de Fato Pernambuco e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Brasil de Fato | Petrolina (PE) |
As aulas acontecem no Armazém do Campo e são ministradas pelos integrantes da Brigada de Comunicação do Mãos Solidárias - Foto: Arquivo/BdF PE

É comum ouvir a expressão “dar voz” a alguém, especialmente na comunicação. Quem faz comunicação popular, porém, acredita que não se dá voz a ninguém. Toma-se o lugar de fala. Nessa perspectiva, a partir da Campanha Mãos Solidárias, em parceria com o Brasil de Fato e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), surgiu o curso “Agentes Populares de Comunicação: Nossa História, Deixa Que a Gente Conta”, na Região Metropolitana do Recife. 

Desde o começo da pandemia, a Campanha Mãos Solidárias tem realizado ações de solidariedade nos territórios periféricos de Pernambuco, como a distribuição de marmitas e os Bancos Populares de Alimentos. Com o avanço dessas atividades, se tornou ainda mais urgente uma comunicação voltada para o que acontecia dentro das comunidades. Assim, surgiu a proposta de uma formação que pudesse compartilhar noções básicas de construção de texto e da notícia, através de técnicas jornalísticas introdutórias, com os próprios moradores da região.

Rani de Mendonça é jornalista do Brasil de Fato Pernambuco, está na coordenação da comunicação da Campanha Mãos Solidárias e também do curso. Ela enfatiza que a formação vem para dar ferramentas para as pessoas dos territórios registrarem a própria história. “Queremos que as pessoas se organizem, façam lutas e construam um novo mundo, uma nova possibilidade. E a comunicação tem centralidade nisso, não somente como ferramenta, mas também como possibilidade política e organizativa ”, afirma. 

Conheça o curso 

A formação está dividida em três módulos. No Módulo 1, "Quem somos e por que estamos aqui?", os cursistas fazem uma leitura crítica da mídia; no Módulo 2, "Disputa de Narrativas - Texto, audiovisual e fotografia", aprendem a captar imagens e editar através do próprio celular; e o Módulo 3, "Design Popular", trará o foco para a distribuição de conteúdo nas redes sociais. 

João Paulo Fernando, de 26 anos, faz parte da ocupação Nelson Mandela e conta que cada módulo tem contribuído para fazer comunicação com mais qualidade técnica. "Dentro da comunidade não só existe homicídio, roubo e essas mazelas que a mídia tradicional mostra. Existe também muita produção de cultura, empreendedorismo, muita coisa boa para se mostrar", defende o cursista. Para ele, essas outras narrativas também precisam ser vistas. 

Ao todo, 30 inscritos integraram a experiência. As aulas têm sido ministradas no Armazém do Campo, no Recife, e proporcionado também atividades práticas que envolvem as comunidades. Neste mês, acontece o último módulo da formação. Todos os alunos serão certificados através da UFPE. 

Edição: Vanessa Gonzaga