Rio Grande do Sul

SOLIDARIEDADE

No vácuo das ações do governo, movimentos levam toneladas de alimentos para a periferia

Na Capital e no interior gaúcho, movimentos populares, sindicatos e organizações combatem a fome e discutem um novo país

Brasil de Fato | Porto Alegre |
MST/RS já doou mais de 480 toneladas de alimentos em várias comunidades - Foto: Maiara Rauber

Com a ausência ou insuficiência das ações dos governos federal, estadual e municipais para socorrer a periferia, os movimentos populares estão arrecadando e distribuindo alimentos nas vilas e bairros das grandes cidades gaúchas.

Mais de 700 toneladas de alimentos já foram entregues. Na tarefa estão empenhadas, por exemplo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e 20 de seus sindicatos, o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito.

O Comitê em Defesa da Democracia já arrecadou mais de R$ 100 mil, transformados em cestas básicas, botijões de gás, fogões, panelas, sabão e detergente. É o que conta sua coordenadora financeira, Sueli Mosqueur.

A advogada Jucemara Beltrame lembra que em março de 2020 eles começaram este trabalho com as comunidades carentes de Porto Alegre. Os critérios escolhidos para selecionar as comunidades foram as regiões com menor índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da capital gaúcha. Ilhas do Guaíba, Campo das Tuca, Lomba do Pinheiro, Vila Cruzeiro, comunidades indígenas e quilombolas têm sido auxiliadas.


Comitê em Defesa da Democracia entregou cestas para comunidades carentes de Porto Alegre / Foto: Divulgação Comitê

Comida e conversas sobre o Brasil  

A CUT e seus sindicatos filiados já doaram mais de 200 toneladas de cestas básicas para comunidades necessitadas de Porto Alegre, Rio Grande, Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria e Erechim.

Segundo o presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci, essa atividade se somou, no início desse ano, “com as cozinhas comunitárias, com eventos, como um almoço para juntar as comunidades em torno de um prato, para conversar e se fortalecer como sociedade, como povo”.

Na sua avaliação, “isto tem dado muito certo, pois tem estimulado e desenvolvido lideranças comunitárias. Tem fortalecido essa experiência de ter pessoas em torno de uma mesa como a gente diz, para debater tantas outras coisas, como agora estamos tratando do plebiscito popular que questiona as privatizações”.


Projeto CUT com a comunidade distribuiu marmitas na Vila Barracão / Foto: Carolina Lima

Cada família doa um pouco da sua produção

Representando 13,8 mil famílias de 300 assentamentos de dez regiões do território gaúcho, o MST/RS já doou mais de 480 toneladas de alimentos, uma lista que inclui 45 produtos.

Segundo Gerônimo Pereira da Silva, assentado em Livramento e dirigente estadual do movimento, é uma lista de 45 produtos que vão desde o arroz, feijão, carne, frutas, hortaliças e até leite em pó. Ele contou que somente na Região Metropolitana de Porto Alegre, o movimento vem mantendo a distribuição em 30 cozinhas comunitárias e 40 associações de moradores.

“Estes produtos são produzidos a mais pelos assentados e doados como contribuição, não se trata de sobras, cada família doa uma percentagem de sua produção”, explicou. Gerônimo foi deslocado de sua região para coordenar esta ação de combate à fome no início da pandemia.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Edição: Ayrton Centeno