Rio Grande do Sul

Análise

"Não podemos esperar da CPI da Pandemia o que é tarefa militante nossa: organizar o povo"

Nesta segunda, o MPA Informa debateu o papel da CPI da Pandemia e os rumos do Brasil com Frei Sérgio Görgen e Maria Cazé

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Frei Sérgio Görgen e Maria Cazé debateram sobre o relatório final da Comissão de Inquérito Parlamentar - Reprodução

No informativo desta segunda-feira (25), do Movimento dos Pequenos Agricultores - disponível nas redes sociais do movimento -, Frei Sérgio Görgen e Maria Cazé debateram sobre o relatório final da Comissão de Inquérito Parlamentar apresentado na semana passada pelo relator, o senador Renan Calheiros (MDB - AL). O relatório final, que tem mais de 1,1 mil páginas, deve ser votado amanhã (26), pela CPI.

Para Frei Sérgio esta CPI cumpriu principalmente dois papéis políticos. "O primeiro é que a CPI se transformou num instrumento de pressão muito forte sobre o governo e nós tivemos uma aceleração no processo de vacinação, que teria começado muito mais tarde, não fosse à CPI", destacou Görgen. Ele lembrou o caso envolvendo oferta de propina para compra de vacinas, ou seja, não se tratava somente de negacionismo, mas, também, de corrupção em forma de negociações paralelas.

O segundo papel político da CPI tem a ver com o próprio relatório. "Um diagnóstico de tudo que envolveu esta CPI, no aspecto ético, no aspecto sanitário, no aspecto da organização do Estado para combater a pandemia, análise do negacionismo e seu impacto, análise dos efeitos da própria doença, não tem em lugar nenhum um registro tão completo desta pandemia, uma espécie de itinerário para as próximas que vierem", completou.


Debatedores apresentaram a urgência da organização popular para fazer frente a todos os retrocessos / Divulgação

Maria Cazé listou e explicou os nove crimes imputados a Jair Bolsonaro e ainda elencou outras graves atribuições, não só ao chefe do Executivo, mas todos aqueles que fazem parte do chamado bolsonarismo. "Bolsonaro trouxe a fome como política de governo, jogou 120 milhões de brasileiros na condição de insegurança alimentar e desses praticamente 20 milhões que vão para o carro do lixo, para a fila do osso, enquanto falamos de safras recordes de milho e soja", afirmou a engenheira agrônoma.

Maria ainda finalizou dizendo que "os camponeses e camponesas estão perdendo tudo, a sua condição de plantar, de cuidar, de colher, de comercializar e fazer chegar alimentos saudáveis na mesa do povo". Ela lembrou o desmonte de políticas públicas importantes para a agricultura camponesa como o Pronaf, o PAA, o Minha Casa Minha Vida, o PNAE, entre outros. "Nós estamos sendo jogados fora do orçamento do Estado brasileiro", completou. Além da fome, Maria também apresentou outras atividades nocivas do governo Bolsonaro, como a destruição ambiental, o preço dos combustíveis e do gás de cozinha, o desemprego e o desmonte da ciência.

Ambos apresentaram a urgência da organização popular para fazer frente a todos estes retrocessos. "Lutar é a condição que temos de alterar a situação que vivemos, lutar para continuar na roça, na terra, pois ainda que com todos os cuidados temos que retomar o trabalho de base, a construção da unidade da esquerda e debater os rumos do Brasil que queremos", conclui Maria Cazé.

"A CPI tem um papel importante, mas não é ela quem irá organizar as camponesas e o povo nos territórios, isto é tarefa militante nossa, da esquerda, dos nossos movimentos", anunciou Frei Sérgio.

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Edição: Katia Marko