Cinema Nacional

Filme Marighella tem pré-estreia no Cineteatro São Luiz em Fortaleza

Movimentos de luta pela terra, moradia, combate ao racismo e LGBTQi+ estiveram entre os convidados para a sessão.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
O filme “Marighella” é inspirado no Livro “Marighella – O Guerreiro que incendiou o mundo”, do jornalista e escritor Mario Magalhães. - Foto: Felipe Abud

Na noite de terça-feira (26) aconteceu a pré-estreia do filme Marighella no tradicional Cineteatro São Luiz, no Centro de Fortaleza (CE).

O evento contou com presença do diretor Wagner Moura, além de atores do elenco, Secretário de Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba além um público massivo formado por representantes de movimentos populares, dentre outros.

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Antes da sessão iniciar, foi foram realizadas algumas falas breves sobre a arte retratando a história e memória da luta armada no Brasil e a luta pela manutenção da democracia. Ao final, os militantes dos movimentos populares realizaram uma intervenção com palavras de ordem "Fora, Bolsonaro" e abriram uma faixa com a frase “Levante-se contra censura”.

A militante da Consulta Popular Joyce Ramos destacou a importância da participação dos movimentos populares na pré-estreia: “Para nós militantes sociais que estávamos na expectativa de assistir ao filme, tendo em vista que já deveria ter sido lançado, porém por conta do descaso do governo federal com a cultura, nós ainda não tínhamos tido a oportunidade de poder assistir, é muito importante esse espaço", ressalta.

"O filme retrata a biografia política e social de Carlos Marighella, um revolucionário, um militante que no seu tempo pode nos deixar não só o legado de luta, de resistência, mas também de formação política e de grande capacidade de mobilização social”.

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Já Amanda Primo, militante do Levante Popular da Juventude falou sobre a mensagem de força que o filme transmite.

“Participar da pré-estreia do filme, para nós é muito emocionante, porque reivindicamos o legado de Marighella, um grande lutador do povo brasileiro que protagonizou momentos importantes no combate à ditadura. Para a juventude e os movimentos populares do Brasil, é importante para que a gente possa se esperançar e renovar a mística na luta e na construção da revolução brasileira”, afirmou Amanda.

Fabiano Piúba, Secretário da Cultura do Estado do Ceará enalteceu a importância de obras de arte como Marighella para a democracia brasileira. “Estamos aqui com nossos corações democratas como canta Moraes Moreira. A cada momento que pomos o pé e a mão, nossas asas, nossos corpos e espírito em um lugar com as artes, nós estamos exercendo o direito a democracia plena", afirmou.

"Nós estamos vivendo um processo de redemocratização do Brasil, Marighella faz parte dessa redemocratização, traz uma memória não só da ditadura civil militar, ele diz muito mais dos tempos de agora, tempos sombrios. E para ele quatro movimentos políticos, 4 verbos – aguar, aquilombar, reflorestanear, reexistir – e Marighella nos traz isso, estamos aqui pra exercer esse direito a democracia plena através das artes e da democracia, Marighella Presente!”.


O ator e diretor do filme, Wagner Moura, relatou sobre o incomodo que a obra provocou em certos segmentos da sociedade brasileira. / Foto: Felipe Abud

Já o ator e diretor do filme, Wagner Moura, relatou sobre o incomodo que a obra provocou em certos segmentos da sociedade brasileira.

“O nosso filme incomoda aos amantes da ditadura militar, sem dúvidas houve censura, somos um país governado hoje por gente saudosista da ditadura, que insufla sua militância a ir as ruas pedir a volta do AI-5, da ditadura, pra derrubar o Supremo, um governo de pessoas com características antidemocráticas. A polêmica toda com relação a Marighella se dá porque a gente vive hoje em um momento em que uma obra da cultura, uma obra artística é atacada pelo governo, pelo presidente, por seus filhos”, lembrou Moura.

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O diretor destacou ainda que “Marighella foi um dos maiores lutadores da luta por justiça social, por democracia, pelos direitos dos trabalhadores por todas as lutas com as quais os movimentos se conectam".

"Eu penso que os legados das lutas sociais, eles vem de vitórias, de muitas conquistas, o que se convencionou a chamar de derrota é uma coisa que precisa ser reavaliada pela história. Olhando para história, Palmares foi derrotado, Canudos foi derrotado, os malês foram derrotados, a luta armada no Brasil foi derrotada, Marighella foi assassinado", afirmou o diretor.

"Mas o que seria do país sem essas pessoas, sem essas lutas, sem o legado dessas pessoas? É difícil pensar na existência dos movimentos sociais no Brasil tal qual são hoje sem a luta dos que nos antecederam, e a luta do MST, MTST, da Coalisão Negra por Direitos, dos povos indígenas, quilombolas, a luta destas pessoas hoje também vão gerar sementes para o futuro”. 

Em cartaz no Cineteatro São Luiz

O filme Marighella é inspirado no livro Marighella – O Guerreiro que incendiou o mundo, do jornalista e escritor Mario Magalhães, o longa de Wagner Moura narra os últimos anos do ativista baiano Carlos Marighella.

O lançamento da película chegou a ser adiado por 2 dois anos. Agora, Wagner Moura está viajando o Brasil para falar sobre a obra que finalmente entra em cartaz no circuito nacional. Em Fortaleza, será lançado no dia 04 de novembro, data que marca o assassinato do militante, guerrilheiro e ativista político Carlos Marighella.

O filme estará em cartaz no Cineteatro do dia 04 a 19 de novembro, serão exibidos em 19 sessões, com ingressos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Os ingressos estarão disponíveis a partir do dia 28 de outubro. As sessões acontecem seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para prevenção da disseminação do coronavírus, com o uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.

Fonte: BdF Ceará

Edição: Camila Garcia