Pernambuco

COLUNA DOS CLUBES

Coluna Timbu | Não passarão

Náutico precisa aprender a lidar melhor com as denúncias de machismo que acontecem no clube

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O clube deve promover e fortalecer o encorajamento das mulheres para que as denúncias sejam feitas e ouvidas de fato - Divulgação/Superesportes

O Clube Náutico Capibaribe finalizou sua participação na Série B e terminou o campeonato em oitavo lugar. E no último jogo atuou sem Vinícius, que deixou o clube. O time Sub-20 que estava disputando a Copa do Nordeste não conseguiu se classificar para a próxima fase e está fora da competição. Em compensação, o futebol feminino conquistou mais um título pelo Campeonato Pernambucano. As meninas conseguiram vencer o Sport de virada na Ilha do Retiro. Jogão! Elas foram guerreiras demais e não abaixaram a cabeça para provocações que vieram do time adversário. Este é o quarto título delas, que ganharam em 2005, 2006, 2020 e 2021.


Contudo esta coluna não será para falar somente de futebol. Houve uma situação de denúncias de assédio envolvendo Erisson Melo, irmão do atual presidente do Náutico Edno Melo. Quem fez a denúncia foi Tatiana Romão, ex-diretora do clube. Após a denúncia dela, outras mulheres também relataram ter passado por situações semelhantes. Inclusive houve denúncia de uma adolescente. Bem, gostaria de deixar aqui minha indignação com o clube, visto que sou psicólogo e atendo todos os dias mulheres que relatam passar ou ter passado por algum tipo de assédio. No caso de mulheres, devemos sempre, primeiramente, ouvi-las, dar poder de fala e após isso, investigar. O clube demorou para se posicionar e só demitiu o acusado após, inclusive, o questionamento dos patrocinadores.

Mulheres passam por violência todos os dias e sou tendencioso a sempre dar razão a vítima, mas obviamente, perante a lei, Erisson tem direito a defesa. O Náutico precisa dar exemplo e até criou uma comissão feminina para haver mais espaço de fala das mulheres, mas ainda não há tempo suficiente, nem ações a serem avaliadas. É preciso entender que este espaço de luta é de todo mundo e o clube deve promover e fortalecer o encorajamento das mulheres para que as denúncias sejam feitas e ouvidas de fato. Não é só sobre futebol e outros esportes, é sobre direitos. Usar a bandeira e a instituição como voz antiviolência.

Luciano é torcedor do Náutico

Edição: Vanessa Gonzaga