Paraíba

DIVERSIDADE

Parada LGBTQIAP+ da Paraíba acontece neste domingo (19)

O evento visa evidenciar a situação das pessoas vivendo com HIV; e nos lembra das violências LGBTQIAPfóbicas

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |

Ouça o áudio:

Parada LGBTQIAP+ da Paraíba -Palco Cátia de França. - Reprodução

De 19 a 23 de dezembro, acorrerá a 20ª Parada LGBTQIAP+ da Paraíba com o tema “Um SUS positiHIVo: cuida, acolhe e protege”. O objetivo é alertar para os problemas do Sistema Único de Saúde (SUS), como as vulnerabilidades e violações dos direitos das pessoas que vivem ou convivem com HIV e que tiveram a situação agravada com a pandemia Covid-19. O evento será realizado de forma virtual, tendo palestras e homenagens, como também atividades culturais com diversos artistas paraibanos, por meio do YouTube da Parada LGBTQIAP+ da Paraíba.

De acordo com Felipe Santos, presidente do Movimento do Espírito Lilás (MEL), um dos movimentos, entre vários, que está na organização, o tema foi escolhido em fator da história de 40 anos do HIV/Aids no Brasil e na Paraíba, assim como pelo congelamento por 20 anos do financiamento de políticas para saúde, educação, assistência social, segurança, que ocorreu através da Emenda Constitucional Nº 95, de 15 de dezembro de 2016. “A Parada LGBTQIAP+ traz o olhar da reflexão de que, para além de um SUS positiHIVo, que cuide, que acolha e que proteja, ele também seja um sistema universal com equidade, tratando todas, todos e todes nas mesmas condições”, comenta Felipe. 

Na programação cultural, vão participar do evento os seguintes artistas: Marcos Mota, Ilú Orin, Freio Franq, Onika ThreeX, Marcelo Fiúza, Vivi Stayner, Mohanna Moon, Romanilly Furtado, Perla Rachelly, Brianna Castilho, Mc’ Hirlla, Julian, Elon, Lucas Silva,  Frederico Borges, Arquiza, DJ Lane Front, DJ Misandri, Dj Jully Mermeid, Sinamonis – Isis Queiroga e Naomi – , Baque Mulher, Banda Adahun & Malu Morena, As Gatunas, o show “A Prata da Casa” com Val Donato, Malu Morenah, Juliana Almeida e Sandra Belê. 


Parada LGBTQIAP+ da Paraíba -Palco Sertão/ Campina. / Reprodução

Outro movimento que está na organização é a Associação de Travestis, Transexuais, Transfeministas da Paraíba (ASPTTRANS/PB). “Precisamos rediscutir as formas como dialogamos sobre HIV e Aids, existe um aumento de infecções causadas pelo HIV. Não é mais uma questão de desinformação, é importante que a Parada LGBTQIAP+ reforce isso para a população. A sociedade continua com o reflexo da década de 80, que é a ideia de existir grupo de risco, mas o que existe são comportamentos de risco”, enfatiza Andreina Gama, da ASPTTRANS/PB. 

LGBTQIAPfobia

Além da importância de falar sobre a realidade das pessoas vivendo com HIV, um assunto, infelizmente, ainda muito presente na vivência LGBTQIAP+ é o preconceito e discriminação referente à orientação sexual e identidade de gênero. Recentemente, na Paraíba, casos de transfobia e homofobia voltaram a repercutir nas mídias. Um dos episódios foi a sentença do assassinato da adolescente trans Anna Sophia, de 16 anos, morta a tiros, em 2017, pelo policial militar reformado, Antônio Rêgo Sobrinho. Outro crime foi o de homofobia contra Valdir Cunha de Macedo, de 50 anos, na cidade de Rio Tinto, na Paraíba. O ex-policial, Paulo Roberto Paiva, é o acusado do crime. Esses são chamados crimes de ódio, nos quais a identidade de gênero e a orientação sexual das vítimas, em fator da LGBTQIAPfobia, são os motivadores das violências. 

 “Falar sobre transfobia, é falar sobre todos os retrocessos que existem. É falar sobre a bandeira LGBTQIAP+. Ao final de contas, não temos apenas orientações, nós somos um corpo que fala, somos um corpo com identidade de gênero, que as pessoas insistem em não referendar por causa de uma genitália, que as pessoas não sabem se a gente tem, se a gente readequou ou não. No entanto, isso não é o que diz se uma pessoa é uma mulher ou não, o que diz é a sua autodeclaração. Nós continuamos a ser atacadas por causa de uma genitália. As pessoas precisam entender que quando se nega um emprego, quando não se reconhece uma mulher travesti, quando se assassina uma mulher travesti, é transfobia. A gente precisa que as pessoas parem com a LGBTQIAPfobia”, observa Andreina.

Existe uma grande subnotificação de dados referentes à população LGBTQIAP+. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) contribuem para o acesso aos dados. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), de 2017 a 2020, houve 641 assassinatos de pessoas trans no Brasil. Já na Paraíba, no mesmo período, foram 25 assassinatos, configurando como 8º estado onde mais se mata pessoas trans no Brasil. Nesse contexto de subnotificação, o Projeto de Lei 4271/2021, do senador Paulo Rocha (PT), propõe a coleta de dados sobre a violência contra pessoas LGBTI+ pelo poder público. O projeto tramita no Senado Federal. 
Acompanhe a programação da Parada LGBTQIAP+ da Paraíba, por meio do instagram do evento e do canal do YouTube
 

Edição: Heloisa de Sousa