Pernambuco

SUPERFUNGO

Candida auris: superfungo hospitalar preocupa profissionais e autoridades de saúde em PE

Casos registrados em Pernambuco se concentram em Recife e fazem parte do terceiro surto da doença no país, afirma Anvisa

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A Candida Auris tem alta taxa de letalidade e é resistente a antifúngicos e outros medicamentos, por isso vem sendo chamado de superfungo - Getty Images

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre um novo surto de Candida auris, um fungo que se dissemina normalmente em ambientes hospitalares e que foi identificado no Recife. O fungo é resistente, pode permanecer por um longo tempo na superfície e é imune a alguns tipos de desinfetantes. 

“É uma infecção predominantemente associada aos cuidados de hospital: aos pacientes que estão entubados, que fazem algum tratamento com quimioterapia ou radioterapia, que ficam com acesso central, que estão há muito tempo com recebendo soro, porque isso aumenta a chance de infecção”, aponta o infectologista Bruno Ishigami.

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A identificação dos casos colocou em alerta autoridades sanitárias não só em Pernambuco, mas em todo o país. Isto porque o microrganismo tem alta taxa de letalidade e é resistente a antifúngicos e outros medicamentos, por isso vem sendo chamado de superfungo.

“O hospital segue a sua busca de prováveis outros casos que podem existir ou não nesta unidade hospitalar para que se controle esse surto. A reversão deste cenário faz parte de uma rotina já estabelecida há anos de controle de infecção hospitalar. Então, seja por esse fungo, seja por outros agentes, essa é uma vigilância a nível mundial ”, aponta o assessor técnico em Vigilância da Saúde da Secretária de Saúde de Pernambuco, George Dimech.

Este é o terceiro surto de Candida auris no país, segundo dados da Anvisa. Os dois primeiros foram registrados em Salvador em 2020 e 2021. Por causa disso, a atuação tem sido conjunta entre a Secretaria de Saúde de Pernambuco com apoio do Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz, na Bahia, e da Anvisa.

“É muito importante essa troca de experiências, que a gente possa estar contribuindo com os colegas, porque não é fácil. Ele [o superfungo] se comporta muito parecido com uma bactéria multirresistente, que a gente sabe que tem em todo lugar, em todas as unidades, em todos os serviços de saúde. Mas este fungo pode ser muito difícil de eliminar do ambiente e até do próprio paciente”, afirma Thaísse Andrade, coordenadora do Núcleo Estadual de Controle da Infecção Hospitalar do Estado da Bahia (NECIH).

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Apesar do surto ser uma preocupação voltada especificamente para o ambiente hospitalar, os profissionais de saúde se preocupam como o medo que o alarde tem gerado na população. 

“Eu fico receoso também com as chamadas que são colocadas na mídia, que é um superfungo muito letal, porque pode gerar na população um medo desproporcional. Ela é uma preocupação principalmente para pacientes hospitalizados. Não há nada que a população possa fazer”, ressalta o infectologista Bruno Ishigami, que completa “É diferente de Covid-19, que quem está na rua pode diminuir a transmissão usando máscara, evitando aglomeração; mas com um fungo desses, quem está na rua tem pouco a contribuir ”.

Até o momento, a Anvisa já registrou 18 casos de infecção nos três diferentes surtos, entre os quais duas pessoas já morreram por causa da Candida auris. Os dois casos no Recife, divulgados em janeiro deste ano, envolvem um paciente de 67 anos e outra de 70 anos, que estavam internados na rede pública do estado.
 

Edição: Vanessa Gonzaga