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Por que Recife não paga o reajuste do piso salarial de seus professores?

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O percentual desse ano tenta, ao menos, recompor a enorme perda salarial que esses/as trabalhadores/as vem tendo ao longo dos últimos anos - Sumaia Vilela/Agência Brasil
Apoiar a educação é valorizar a professora e professor de nossas crianças

As professoras e professores da rede municipal de ensino do Recife estão em greve desde o último dia 07 de março. A greve foi decretada porque o prefeito João Campos (PSB) se nega a pagar o reajuste do piso salarial do magistério público indicado para 2022. Esse reajuste é definido por uma lei federal de 2008 e, para esse ano, os critérios que o definem apontam para a necessidade da aplicação de um aumento, no salário e na carreira dos/as professores/as de todo o Brasil, da ordem de 33,23%.

Ano passado, as carreiras do magistério público de todo o país não tiveram nenhum reajuste. O percentual desse ano tenta, ao menos, recompor a enorme perda salarial que esses/as trabalhadores/as vem tendo ao longo dos últimos anos. Muitos Estados e cidades pelo país afora estão cumprindo o determinado na legislação federal e, assim, aplicando o reajuste nos planos de carreira dos/as professores/as de suas cidades ou estados.

A pergunta que fica agora, e que todos do Brasil afora estão se fazendo, é sobre o porquê de o município do Recife, uma das cidades mais antigas do Brasil e que, há séculos, ocupa o ranking das mais populosas, não paga o reajuste do piso salarial aos/às professores/as da cidade. Considerada a metrópole mais rica das regiões Norte e Nordeste do país e 13º PIB mais rico do Brasil, não dá pra entender a negativa do prefeito João Campos em conceder o índice de reajuste ao salário daqueles que atendem a população mais pobre de nossa cidade.

Percebemos que muitas outras cidades brasileiras, com menos recursos e riquezas do que o Recife, já anunciaram o pagamento do reajuste a seus/uas professores/as. Um reajuste, é bom que se diga sempre, previsto em lei. O que começamos a perceber, porque fica cada vez mais claro para todos, é a absoluta falta de prioridade da educação na pauta e agenda do prefeito. É inadmissível que uma gestão pública municipal do tamanho da do Recife não consiga arcar com o pagamento das professoras e professores de sua cidade. E quando isso acontece na educação pública, constatamos que realmente falta à atual gestão municipal elencar as verdadeiras prioridades do município.

A greve que vemos hoje na capital é uma luta legítima dos/as trabalhadores/as do magistério público da cidade que, capitaneada pelo seu sindicato (SIMPERE), já é vitoriosa. A vitória moral e política que as professoras e professores do Recife estão imprimindo em sua luta nessa greve desnudam o cinismo e desfaçatez dos gestores que viram de costas para a educação de seu povo. Isso será cobrado nesse ano de eleições.

Nessa semana em que o país inteiro está mobilizado em luta, com uma Mobilização Nacional da Educação, deliberação aprovada pelo conjunto das entidades sindicais do campo educacional brasileiro, a greve das companheiras e companheiros de Recife ganham força com a adesão de amplos e majoritários segmentos do restante dos/as servidores/as públicos municipais, estaduais e federais. Pelo pagamento do reajuste do Piso Salarial Nacional do Magistério, somos hoje todas e todos educadores/as recifenses! Respeitar a educação só da boca para fora não contribui em nada com as necessidades de nosso povo! Apoiar a educação é valorizar a professora e professor de nossas crianças.

Edição: Rani de Mendonça