Pernambuco

AGROECOLOGIA

Com incentivos estaduais, famílias assentadas ampliam e diversificam produção agroecológica

Em Alagoas, cerca de 30 famílias assentadas são beneficiadas pelo Programa Alagoas Maior e aumentam produção para o PAA

Brasil de Fato | Recife (PE) |
No assentamento são produzidos banana, côco, melancia e diversos grãos, como o feijão - MST

A luta travada pelos agricultores familiares do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no sertão alagoano revela que é possível a reforma agrária. O assentamento Lameirão, no sertão do São Francisco, no município de Delmiro Gouveia (AL), é o exemplo de uma intensa luta política dos assentados.

A partir da ocupação e organização dos agricultores, a terra foi conquistada e, com isso, foi criada em 1989 a Associação de Cooperação Agrícola do Assentamento Lameirão. “A associação foi criada para representar juridicamente os assentados da reforma agrária e até hoje a gente vem trabalhando junto com o MST”, como aponta Enoque Oliveira, presidente da associação.

Leia: Camponeses protestam contra ameaças de despejo e leilões de terras na Mata Sul de Pernambuco

Atualmente, 30 famílias são filiadas na associação e produzem banana, coco, melancia e diversos grãos, como o feijão.  Além de assistir na produção agrícola e com questões jurídicas, a instituição atua também auxilia os agricultores no acesso às  políticas públicas. “Através da associação a gente conseguiu alguns projetos do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) com a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) do Governo Federal e uma parte aqui no município. A gente tem o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que tem esse trabalho dentro da associação que a gente produz aqui os produtos agroecológicos e vende aqui pra merenda escolar, como na UFAL (Universidade Federal de Alagoas).”

Apesar da vasta produção agrícola no local, a falta de equipamentos especializados comprometia a qualidade dos produtos dos agricultores. Mas, na última semana, a associação firmou uma parceria com o Governo de Alagoas, que doou estruturas produtivas, como refrigeradores, para o assentamento. O compromisso firmado através do Programa Alagoas Maior que promete facilitar o trabalho de todas as famílias da comunidade.

Leia: Em Pernambuco, Consea teme que políticos se aproveitem da fome para comprar votos

Uma dessas famílias é a do assentado do Lameirão e técnico em agroecologia Ronislânio Silva, que destaca a importância da iniciativa. “Vai ter seladora de pressão, vai ter todos os padrões de higienização, todos eles. Vai ser tudo isso trabalhado aqui. Climatização, tudo certo, tudo nos parâmetros. E isso é uma realização muito importante para gente, para o negócio aqui”, destaca o agricultor que planta, colhe e produz no quintal da sua casa a famosa “bananola do sertão”, que é uma cocada de banana

E é assim, investindo no associativismo, que diversas comunidades rurais tiram seu sustento, respeitando o que a terra proporciona e as características que cada localidade apresenta. Além de iniciativas similares as do Assentamento Lameirão, o Programa Alagoas Maior deve beneficiar outras iniciativas comunitárias e de micro e pequenas empresas com a expectativa de beneficiar diretamente cerca de 40 mil pessoas em todo o estado.

Edição: Vanessa Gonzaga