AFROEMPREENDEDORISMO

Vozes Populares | Mercado Preto movimenta economia cooperativa e afroempreededores na Paraíba

Feito apenas com mercadores negros, a primeira edição do evento aconteceu no dia 19 de março

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O Mercado Preto acontecerá uma vez a cada dois meses, no Centro Cultural Piollin, em João Pessoa - Foto: Arquivo Pessoal/Mercado Preto PB
No Ojá Dudù, ninguém entra e nem sai de mãos vazias, sempre vai ter uma troca acontecendo

Você já teve a oportunidade de conhecer uma feira onde tudo é feito por afroempreendedores? Se não, hoje conheça o Mercado Preto da Paraíba, ou melhor dizendo: o Ojá Dudù. É com uma nomenclatura em iorubá, língua africana, que o mercado diz a que vem: resgatar a ancestralidade do povo preto através de uma economia cooperativa. 

Longe de ser um lugar só de comercialização, o Ojá Dudù é um lugar de trocas de saberes, experiências e afetos. Por isso, Rayssa Praxedes, educadora afroindígena e uma das organizadoras do mercado, é enfática quando diz: ninguém entra e nem sai do Ojá Dudù de mãos vazias, sempre vai ter uma troca acontecendo. 

Em março aconteceu a primeira edição do Mercado em João Pessoa, no Centro Cultural Piollin. "Aqui no Ojá Dudù, para além de um espaço de comprar coisas, a gente também tem essa preocupação de estar agregando aspectos que potencialize a identidade cultural do povo preto", afirma Rayssa.

Além de produtos de alimentação, decoração, acessórios e produtos naturais, ela comenta sobre as atrações culturais que são planejadas para o espaço, que vão desde oficinas de capoeira, à oficinas de desenho e rodas de dança. "Quem vai vir conhecer o Mercado Preto vai sair também nutrido culturalmente", reforça. 

"Não há uma sociedade sem crianças"


O Espaço Erê foi pensado para acolher as crianças pretas das famílias que frequentam o mercado / Foto: Arquivo Pessoal/Mercado Preto PB

É com essa grande variedade de atrações e produtos, que o Ojá Dudù diz o seguinte: “estamos de portas abertas para todos e todas”. Isso inclui pessoas de todas as faixas etárias, desde os pequenos até os mais velhos.

Para proporcionar um lugar acolhedor também para as crianças, o mercado conta com o Espaço Erê, pensado especialmente para os pretinhos e pretinhas. Dessa vez, a edição trouxe uma oficina de desenhos que, além de ser um momento de brincadeira, também buscava incentivar o resgate da identidade cultural dessas crianças. Tudo isso para criar referências e fazer com que elas também se sintam pertencentes. 

Leia aqui: Diversidade: literatura infantil fortalece identidade de crianças afro-brasileiras


Nesta edição, as crianças realizaram uma oficina de desenhos voltada para o resgate de suas identidades / Foto: Arquivo Pessoal/Mercado Preto PB

A educadora afirma ser essencial aproximar as crianças pretas desse espaço de troca e de cultura. Ela também é mãe, assim como grande parte das outras mulheres que compõem a comissão organizadora do mercado. "A gente entende que não há uma sociedade sem crianças. Estamos permeados por elas, então há essa necessidade de trazer elas também pra frequentar bons espaços, para estarem se alimentando também de cultura preta", enfatiza. 

Acompanhe o Mercado Preto nas redes

Esta foi a primeira edição do Mercado Preto, que deve acontecer uma vez a cada dois meses. A segunda edição está programada para o mês de maio.

Feito de maneira independente, por pessoas voluntárias e com poucos recursos, o Ojá Dudù quer valorizar os artistas locais, gerar renda e nutrir a alma e o coração das pessoas. E nessa primeira edição, conseguiram fazer isso. Rayssa define assim: “saímos de lá reenergizados”. 

Se você ficou curioso para conhecer mais do Mercado ou até mesmo busca inspiração para fazer algo parecido na sua cidade, confere o Instagram @mercadopretopb, onde você também pode saber como contribuir financeiramente para as próximas edições do evento.

Edição: Vanessa Gonzaga