MANIFESTAÇÕES

Cidades registram atos contra o governo Bolsonaro e o aumento dos preços; acompanhe

Convocadas por movimentos populares, manifestação denunciam o aumento do custo de vida e retirada de direitos

Brasil de Fato| Recife(PE) |
No Rio de Janeiro, manifestantes voltam às ruas em oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro(PL) - @pablovergarafotografia - MST

Movimentos populares, centrais sindicais e partidos de oposição convocaram para este sábado (09) uma nova rodada de manifestações contra o governo de Jair Bolsonaro (PL) e o aumento do custo de vida. Pela manhã, cidades como Recife, Aracaju, Maceió, Belo Horizonte e Rio de Janeiro registraram atos. Manifestantes faziam colagem de cartazes, passeatas, apresentações culturais e intervenções em forma de protesto. Em pauta, o aumento do preço dos alimentos, dos combustíveis e do gás de cozinha e a alta do desemprego.

Chamada de "Bolsonaro nunca mais", a manifestação deste sábado é uma continuidade das mobilizações construídas ao longo de 2021, em que a população foi às ruas pedir o impeachment do presidente, a agilidade na compra das vacinas e o auxílio emergencial no valor de R$ 600. 

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O tema da corrupção, que esteve presente nos atos do ano passado, também chamados de "Fora, Bolsonaro", volta à pauta dos atos deste sábado. Os manifestantes denunciam a influência de pastores evangélicos no orçamento do Ministério da Educação, caso que motivou a exoneração do agora ex-ministro Milton Ribeiro. Ele havia admitido, em áudio divulgado pela imprensa, que atendia preferencialmente os pleitos de líderes religiosos a pedido do presidente da república, Jair Bolsonaro. 

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Em seguida, veio à tona o caso da licitação fraudulenta para a aquisição de ônibus escolares com preços acima do cobrado normalmente no mercado. Integrante da Coordenação da Frente Povo sem Medo, Rud Rafael também lista outros escândalos que mobilizam a sociedade: 

"Agora, a gente passa por um novo ciclo de denúncias, não só em relação ao preço da gasolina que supera 7 reais, o gás de cozinha que está mais de 120 reais, mas também as novas denúncias envolvendo o Ministério da Educação, a recente denúncia do envolvimento do Planalto com o assassinato de Adriano da Nóbrega", pontua.

Esta não é primeira suspeita de corrupção que pesa sobre o atual governo. Em 2021, a CPI da Covid no Senado apurou denúncias de ilegalidades na compra das vacinas. 

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Por que ocupar as ruas?

Segundo os organizadores dos atos, o que motivou a retomada das manifestações foi a situação econômica do país. A inflação do mês de março, divulgada nesta semana, atingiu 1,62%.

Foi a maior alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampla (IPCA) registrada desde 1994, ainda antes do Plano Real. O que puxou esse aumento foi o setor de transportes, afetado pelo reajuste do preço dos combustíveis, e o de alimentos.

No acumulado do ano, foi registrado um aumento de 11,3%, o maior já contabilizado desde 2003.O setor de habitação também registrou um aumento e entra na pauta das manifestações: a população tem se queixado do preço cobrado pelos aluguéis. 

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Coordenador Nacional da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim aponta que este ano será decisivo para o povo brasileiro e que ninguém aguenta mais esse projeto de país colocado pelo governo Jair Bolsonaro: "É um grito de insatisfação. Cresce tudo no país, e por outro lado aumenta o desemprego, a fome e a miséria". 

A coordenadora estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Paulo, Ediane Maria, explica que a razão de ocupar as ruas neste momento é uma questão de sobrevivência para a população mais pobre do país. 

"Quando achamos que chegamos ao fundo do poço da crise social, o Bolsonaro vem e aprofunda suas medidas de maldade. Então, ocupar as ruas  é lutar pela nossa vida e mostrar nossa insatisfação com o governo", afirma. 

 


O aumento do preço dos alimentos, do combustível e dos aluguéis foi a pauta central das manifestações / Alice Oliveira



Mobilização

No Recife, ato aconteceu pela manhã, com concentração às 09h na Praça Treze de Maio, na área central da cidade. Teve batucada, intervenções culturais e pronunciamentos das lideranças dos movimentos populares. Em seguida, os manifestantes seguiram em passeata e encerram a mobilização na Avenida Guararapes, importante corredor do Centro da capital pernambucana.

Em São Paulo, o ato está previsto para acontecer no período da tarde, com concentração às 14h, na Praça da República. 
 

Edição: Raquel Setz