Pernambuco

QUEBRADEIRAS

Regularização de território no Piauí beneficia 67 famílias que vivem do extrativismo do babaçu

Medida é uma vitória das quebradeiras de coco contra a perseguição de fazendeiros, pecuaristas e empresas agropecuárias

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu reúne trabalhadores e trabalhadoras nos estados do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí - Raoni Barbosa

Em março de 2022, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu conquistou a regularização de um território onde vivem 67 famílias de trabalhadores e trabalhadoras do campo pelo Instituto de Terras do Piauí (ITERPI), órgão executor da política fundiária do estado. As quebradeiras já somam mais de 300 mil mulheres que vivem do extrativismo do babaçu, buriti e bacuri nas regiões da Caatinga e do Cerrado, nos estados do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí, segundo o movimento.

A conquista é da comunidade extrativista de quebradeiras de coco babaçu Vila Esperança, onde a quebradeira Helena Gomes mora e trabalha. “Então só em você dormir e acordar pensando que vai viver amanhã, isso já é uma grande coisa”, diz Helena, aliviada. “As famílias não podiam ter o trabalho da quebra de coco, porque o coco é preso. Então, elas não podiam fazer a roça, elas não podiam fazer a casa, a moradia da forma que elas queriam. Elas viviam ameaçadas pelos que se diziam proprietários, porque tinha proprietário que se dizia dono do território”, relata.

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Mas não é só no Piauí que as famílias lutam pela manutenção de sua fonte de trabalho e contra a exploração e perseguição de fazendeiros, pecuaristas e empresas agropecuárias que cercam as terras. Em todos os territórios onde existe a prática, há empresas pressionando e impedindo o livre acesso das trabalhadoras aos babaçuais.

“Para nós, conquistar uma terra que desde 1917 que está sendo colocada à disposição de uma regularização; além de ser uma grande conquista, é um sinal de esperança, de resistência, de perseverança, que nos traz uma segurança dentro da esperança dos valores que nós buscamos sempre para os territórios, incluindo uma juventude que possa perceber que a luta vale a pena”, destaca Maria Alaídes, coordenadora geral do MIQCB.

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Com a regularização fundiária, o Governo do Piauí está doando o imóvel rural que faz parte de patrimônio público para a comunidade em nome da Associação das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais do Coco Babaçu da Vila Esperança. E, como primeira comunidade, a vila se torna uma fonte de esperança tanto para quem nela vive, quanto para todo o movimento, que vislumbra a possibilidade de que o reconhecimento de direitos chegue a todas as quebradeiras de coco espalhadas pelo país.
 

Edição: Vanessa Gonzaga