Pernambuco

EXPOSIÇÃO

Exposição valoriza cultura dos indígenas Guajajara, que tem a língua mais falada do Nordeste

O povo Guajajara tem uma população de 24 mil pessoasF espalhadas nas 140 aldeias no estado do Maranhão e também no Pará

Brasil de Fato | Imperatriz (MA) |
Na mostra, estão expostos objetos utilizados pela etnia como o maracá, adornos corporais cocares e braceletes - Ascom/ UEMASUL

O Maranhão é o terceiro estado com maior população indígena do Nordeste, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. Com mais de 35 mil pessoas autodeclaradas indígenas, o estado já chegou a agregar 30 etnias diferentes no século 17, e hoje conta com sete etnias, distribuídas em 31 municípios. Essa diversidade foi apresentada na exposição “Donos do Cocar”, com o objetivo de desmistificar e fortalecer a luta dos povos indígenas.

“Um espaço como esse é de extrema importância para trazer um pouco da vivência dos povos indígenas, principalmente do povo Tenetehara, para um espaço não-indígena. Até mesmo para desconstruir alguns equívocos, alguns termos que ainda estão impregnados na sociedade”, destacou a curadora Aline Guajajara.

O nome da exposição - “Donos do Cocar” - é o significado de Guajajara, um dos povos mais numerosos do Brasil, designados no Pará como Tembé e no Maranhão como Guajajara-Tenetehara. A etnia vive em cerca de 140 aldeias, na terra indígena Arariboia, município de Amarante (MA). Segundo o Censo, eles são a etnia com a maior população no Maranhão, chegando a 24.428 pessoas quando a pesquisa foi realizada.

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O local de exposição foi o Centro de Pesquisa em Arqueologia e História Timbira (CPAHT), museu público em  Imperatriz, vinculado à Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL).

Preservação da cultura indígena

Para a reitora da instituição, a exposição tem o objetivo de preservação do patrimônio cultural. “O museu, em princípio, foi criado com a temática dos povos Timbira, mas temos aqui vários povos, vários grupos indígenas. Então é dever da UEMASUL conservar e preservar esse patrimônio, de todos esses povos indígenas”, destaca a reitora da UEMASUL, Luciléa Ferreira.

Segundo o Censo 2010 do IBGE, a língua Guajajara era a língua indígena mais falada no Nordeste e uma das mais faladas no país, com 8.269 falantes. A coordenadora do centro de pesquisa destaca que esta é a primeira vez que uma etnia do tronco linguístico Tupi tem uma exposição no local. “O museu CPAHT é uma instituição de guarda e pesquisa, que resguarda o material arqueológico e etnológico da região, referente aos povos indígenas da nossa região. Temos, já, uma exposição permanente, de longa duração, relacionada aos povos Timbira, da língua do tronco linguístico Macro-Jê e é a primeira vez que estamos com uma exposição do tronco linguístico Tupi, dos Guajajara-Tenetehara”, afirma Danielly Morais, coordenadora do CPAHT.

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Para a curadora, levar a vivência dos povos indígenas para espaços como a universidade ajuda a desmistificar equívocos e fortalece a cultura dos povos. “Muitas pessoas fazem perguntas relacionadas aos povos indígenas como se eu fosse um povo do passado, mas sabemos que não é dessa forma. Nós, indígenas, estamos ocupando espaços fora das nossas comunidades e nem por isso deixamos de ser indígenas. O indígena é indígena em todo lugar que ele esteja. Não é porque vou ocupar um espaço fora do contexto da minha comunidade que eu deixarei de ser indígena.”, destaca Aline Guajajara.
 

Edição: Vanessa Gonzaga