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Ato ecumênico nas Palafitas do Pina, no Recife, lembra importância da fé e da luta por justiça

Cerimônia foi seguida pela distribuições de refeições produzidas com doações na Cozinha Popular Solidária das Palafitas

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A cerimônia realizada nesse domingo (15) contou com música, cânticos e celebrações religiosas - Cortesia

A comunidade das Palafitas do Pina, na Zona Sul do Recife, vivenciou um momento de celebração de fé nesse domingo (15), nove dias depois do incêndio que deixou desabrigadas mais de cem famílias. Junto a movimentos populares, representantes de diferentes religiões se reuniram em ato ecumênico, momento em que refletiram sobre justiça, direitos e solidariedade, que foi seguido pela distribuição de refeições preparadas na Cozinha Popular Solidária das Palafitas.

“A luta por direitos mexe com a racionalidade, as necessidades dos humanos. O divino, a fé é componente da nossa integridade. Somos seres humanos integrais. À medida que vivemos além da luta pela sobrevivência, a gente também transita pelo terreno da fé, da crença”, reflete o militante Carlos Augusto Pereira, do Fórum de Entidades e Pessoas de Brasília Teimosa.

A cerimônia contou com música, ciranda, cânticos e reflexões trazidas pelos líderes religiosos. Celebraram a Palavra da Bíblia o Pastor Risomar Lima, da Igreja Batista; e o Padre Fábio Santos, presidente da Comissão de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese de Olinda e Recife da Igreja Católica. O cantor Enedino Moreira embalou o encontro com música.

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Carlos Augusto recorda o espírito que prevaleceu no momento: “Foi feita uma reflexão em cima da necessidade do amor e de um mundo melhor sem tanta injustiça. Foi feita a contemplação daquele espaço - de um lado, a suntuosidade dos prédios luxuosos, dos shoppings e dos carros, contrastando com aquele cenário de miséria e pobreza. A ideia é que Deus é pai de todos, que é preciso que haja um mundo sem os muros que dividem pobres de ricos e que favorecem a acumulação de recursos. Também foi lembrado que os governos que arrecadam impostos têm que usar a riqueza produzida para todos”, contou.


"À medida que vivemos além da luta pela sobrevivência, a gente também transita pelo terreno da fé, da crença”, pondera militante / Divulgação

Também estiveram presentes Malu Aléssio, da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese; Irmã Aurieta Xenofonte e militantes do Mãos Solidárias, do MST, da Turma do Flau e do Fórum de Brasília Teimosa. Augusto destaca a atuação da rede solidária que tem se formado pela comunidade das palafitas, definindo a atividade das organizações como um socorro necessário nesse momento de carência. Para ele, a participação da população nas ações também chama a atenção. 

“A gente tem ficado muito encantado com a solidariedade do povo, com suas doações de roupas, comida, eletrodomésticos, colchões, cobertores e lençóis, e principalmente com o apoio à causa. Parece dar a entender à cidade do Recife e ao estado de Pernambuco que a questão da moradia é inadiável. Governos e candidatos têm que colocar isso em seus programas. Do contrário, vai se produzir um caos indesejado”, afirma.

Contribua

A Campanha Mãos Solidárias está recebendo doações de alimentos para a Cozinha Solidária das palafitas para fortalecer a sua ação de combate à fome e organização popular. As produções da Cozinha Popular Solidária das Palafitas do Pina serão diárias. Os alimentos não perecíveis devem ser entregues no Armazém do Campo do Recife (Avenida Martins de Barros, 387, Santo Antônio).

Edição: Vanessa Gonzaga