Rio de Janeiro

COMUNICAÇÃO

Rádio Nacional pode se tornar Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Rio de Janeiro

Histórico edifício A Noite, sede da rádio, entrou novamente no alvo das privatizações do governo de Jair Bolsonaro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O prédio com 22 andares e estilo art déco foi inaugurado em 1929 e ficou conhecido como a sede do jornal A Noite - Foto: Riotur

Um projeto de lei dos deputados Mônica Francisco (Psol) e Waldeck Carneiro (PSB) poderá declarar a Rádio Nacional como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Aprovado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) na última quarta-feira (25), o texto ainda precisa ser votado em segunda discussão pela Casa.

Leia mais: Bolsonaro anuncia leilão do edifício "A Noite", antiga sede da Rádio Nacional, no Rio

A Rádio Nacional é uma emissora pública pertencente à Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Inaugurada no dia 12 de setembro de 1936, a Nacional é responsável pela Época de Ouro do Rádio e pelo início da cultura de massa no país.

No Portal Institucional da EBC, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro (1.130 kHz AM e 87.1 MHz FM) é descrita como "presente na memória afetiva da população, como a emissora que mostrou o Brasil aos brasileiros e reconhecida como referência de programação plural e popular".

Leia também: Madureira comemora 409 anos com baile charme e Viradão Cultural no final de semana

Segundo Waldeck, a proposta tem por objetivo defender um patrimônio do país e é uma forma de resistência às tentativas do governo Bolsonaro de privatizar a EBC. Ele chamou atenção também para o alcance do rádio no Brasil.

"Um em cada quatro brasileiros (25,3%) não tem acesso à internet: são 46 milhões de pessoas. Diante desse quadro, observamos que, em vez de ampliar o debate com atores que dão suporte ao sistema da comunicação do país, o Governo Federal vai na contramão e decide acabar com a EBC e não evidencia como ficarão as emissoras históricas", afirmou o parlamentar.

Privatização

Nesta semana, o Ministério da Economia anunciou para 14 de julho a data da concorrência pública para venda do Edifício A Noite, na Praça Mauá, no centro do Rio. O prédio, inaugurado em 1929, em estilo art déco e com 102 metros de altura, tendo sido o primeiro arranha-céu da América Latina, abrigou a Rádio Nacional desde a década de 1930.

Em 1940, o governo de Getúlio Vargas, via decreto, encampou o grupo A Noite, a Rádio Nacional e o arranha-céu por conta de dívidas da empresa. Desde então, a emissora se tornou um fenômeno no Brasil com um potencial educativo e cultural que marcou a chamada "Era de Ouro do Rádio".

Em 1941 estreou na Rádio Nacional o noticiário Repórter Esso e o radioteatro com a primeira radionovela nacional intitulada "Em Busca da Felicidade". A emissora foi também a primeira do Brasil a utilizar a tecnologia de ondas curtas, o que permitiu a transmissão para todo o território do país.

A Rádio Nacional ocupou os últimos quatro pavimentos do Edifício "A Noite", por onde transitaram ícones da música popular brasileira como Francisco Alves, Orlando Silva, Ataulfo Alves, Marlene Alves, Emilinha Borba e Cauby Peixoto.

Edição: Eduardo Miranda