Rio Grande do Sul

Solidariedade

Após quase oito meses servindo almoço na rua, Cozinha Solidária ganha espaço próprio

Inauguração aconteceu nesta quarta-feira (15) e contou com a presença de Guilherme Boulos e lideranças gaúchas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Inauguração da nova cozinha aconteceu nesta quarta-feira (15), em Porto Alegre - Foto: Isabelle Rieger

Durante quase oito meses a Cozinha Solidária da Azenha serviu almoços na praça Princesa Isabel, após reintegração de posse ocorrida em outubro do ano passado. A partir de agora ela contará com espaço próprio. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST-RS) inaugurou nesta quarta-feira (15), na avenida Azenha, nº 608, sua nova cozinha. O ato contou com a presença do coordenador nacional do movimento Guilherme Boulos, de parlamentares gaúchos, entre eles a bancada negra da Câmara Municipal de Porto Alegre, ativistas, representantes de movimentos sociais, e da população atendida pela Cozinha. 

“Até ontem estávamos servindo na praça Princesa Isabel. Queria fazer uma homenagem a pessoa da Dona Marli que foi a que, em um ato de desprendimento, nos visitou às vésperas e nos entregou a chave de sua casa, que é onde ficamos cozinhando até ontem”, afirmou Claudia Ávila, coordenadora do MTST-RS. Em sua fala Cláudia lembrou também do processo de reintegração de posse ocorrida ano passado.

Presente no ato, o vereador Pedro Ruas (PSOL) elogiou o trabalho da Cozinha, especialmente no contexto atual que passa o país, cenário de fome e carestia. “Esse é um trabalho que marca a história de Porto Alegre e do estado, porque esse é um exemplo a ser seguido em todo Rio Grande. A Cozinha Solidária é uma forma de alimentar as pessoas, esse é o mínimo da dignidade que todos nós temos a obrigação de proporcionar”, frisou o parlamentar, destacando que o poder público não faz. 

“Nós abraçamos os pobres não fazendo esmola, mas dividindo o que a gente tem, além da solidariedade, o alimento. E o povo do MST, companheiros da CUT, agricultura familiar, conseguimos lançar uma grande rede solidária e os nossos carrinhos e caminhões foram entrando na periferia. Viva a solidariedade”, ressaltou o deputado estadual Edegar Pretto (PT). 

A ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB) disse que ninguém ali presente queria estar fazendo o papel do Estado, mas que na ausência do mesmo, as organizações e entidades cumprem o papel do Estado quando este desaparece. “A gente sabe que em um mundo justo e minimamente civilizado não faltaria comida na mesa de ninguém. Não é possível que em 2022 falte comida na mesa das pessoas, das mulheres. Eu entendo que quando o MTST luta para instalar as cozinhas, quer nos mostrar sua presença, mas quer mostrar sobretudo a ausência que faz necessário o povo ocupar o papel do Estado”, afirmou Manuela, destacando os desafios das próximas eleições e da recuperação da vida e dignidade das pessoas pós-eleição.

Em sua fala Guilherme Boulos pontuou que as cozinhas solidárias feitas pelo movimento em todo o país cumprem o papel de garantir uma refeição para quem não teria. “Se não fosse essa cozinha aqui talvez os companheiros não almoçassem. E assim tem sido no Brasil todo. A gente sabe que a cozinha solidária não vai resolver o problema da fome no Brasil, ainda mais no Brasil de Bolsonaro com 33 milhões de pessoas passando fome. Isso vai se resolver com política pública”, destacou.

Ele comentou que recentemente levou Lula a uma das cozinhas em São Paulo, e indagado pelo ex-presidente como poderia ajudar, disse que “a partir de 1º de janeiro do ano que vem isso vire política pública subsidiada pelo Estado brasileiro, em parceira com agricultura familiar, com alimentação saudável. Vamos precisar de medidas emergenciais após derrotarmos Bolsonaro”. 

Conforme frisou o coordenador, a cozinha não alimenta só a barriga, mas também a alma. “Tem sido assim em todos os lugares, muitas das nossas cozinhas não são só o espaço de distribuição de pão, são espaços de encontros, onde se monta o cursinho pré-vestibular, a biblioteca, o cursinho de alfabetização, saraus. Esse espaço também é para darmos exemplo e inspirar o modelo de sociedade que a gente quer”, expôs. 

“Foi no dia que eu te encontrei com o coração vazio e frio, sem rumo e sem direção, com fome, sem ninguém para te estender a mão, e a fome cercando para te pegar, e ela veio naquela calada pronta para te matar. Achou cozinha solidária e colaboradores para te ajudar”, declamou Nego Simples, que falou em nome dos moradores da praça que recebem o almoço.

Confira mais fotos


Dona Marli, que cedeu sua casa durante os meses que a Cozinha atuou na praça / Foto: Katia Marko


Ato contou com a presença de parlamentares gaúchos / Foto: Katia Marko


"Se não fosse essa cozinha aqui talvez os companheiros não almoçassem" / Foto: Katia Marko


Nego Simples, que falou em nome dos moradores da praça que recebem o almoço / Foto: Katia Marko

 


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Edição: Katia Marko