Pernambuco

LULA EM PERNAMBUCO

Em clima acirrado entre Marília (SD) e Danilo (PSB), Lula reúne 20 mil pessoas em ato político

Com ambiente dividido entre dois candidatos lulistas, Lula disse que "o povo não pode pagar pelas nossas discordâncias"

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A casa de eventos Classic Hall ficou lotada pouco depois da abertura por milhares de pessoas que queriam ver o ex-presidente - Ricardo Stuckert

Na noite desta quinta (21) o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua passagem por Pernambuco em um ato público no Recife que lotou o espaço de eventos Classic Hall, que tem a capacidade máxima de 20 mil pessoas. Além do "time de Lula", composto Geraldo Alckmin (PSB) Danilo Cabral (PSB), Luciana Santos (PCdoB) e Teresa Leitão (PT), o evento contou com dezenas de pré-candidatos à Câmara Federal e Assembleia Legislativa de Pernambuco. 

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A composição do palanque demonstrava o amplo arco de alianças dos partidos progressistas que apoiarão a chapa Lula-Alckmin em Pernambuco, com representações do PT, PCdoB, PSB, PV, Rede, Republicanos, além de representações do MST, FETAPE, CUT, MTST. 


Com casa de eventos lotada, Lula discursou reafirmando a necessidade do voto nos candidatos da Frente Popular / Reprodução/YouTube

Vaias, aplausos e discurso de unidade

O que também marcou o ato público foi o acirramento entre eleitores de Danilo Cabral e da ex-petista Marília Arraes, que saiu do partido e disputa as eleições para o Executivo estadual pelo Solidariedade. Diante das menções dos políticos à Danilo, o público eleitor de Marília reagia com vaias, enquanto os apoiadores do socialista puxavam aplausos. 

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No palco o clima era de unidade contra o bolsonarismo. Carlos Siqueira, presidente do PSB, reforçou o coro. "Não temos o direito de, diante do fascismo, ficarmos divididos. Somos contra Bolsonaro, contra o fascismo, a favor da unidade das forças populares". Quem também reforçou a necessidade de buscar o votos indecisos foi o presidente estadual do PV, Clodoaldo Magalhães. "Nosso inimigo não está aqui dentro do Classic Hall. Temos que conquistar aqueles que negam a política, os que não querem saber, os neutros e também aqueles que apoiam a 3a via. (...) Vamos para vencer no 1° turno". 

Vice-governadora, candidata à reeleição e presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos projetou os resultados das eleições presidenciais afirmando que "em Pernambuco vai ser lapada!", reforçando ainda o apoio histórico do PCdoB ao PSB no estado. "O PCdoB que sempre apoiou o PT. E aqui em Pernambuco estamos sempre na Frente Popular. Com Pelópidas Silveira, Paulo Câmara, com Eduardo Campos. EGeraldo Alckmin é a expressão dessa frente ampla. Nós precisamos dessa unidade. Precisamos da Frente Popular", reiterou. 

O senador Humberto Costa (PT), disse não ter medo das vaias e afirmou que os projetos pessoais precisam ficar em segundo plano em nome da unidade. "Temos que deixar o secundário de lado. Temos que estar unidos para derrotar esse projeto fascista. E para isso estamos juntos com o PSB. Não podemos nos enganar com projetos pessoais. Vamos eleger Danilo Cabral, que tem experiência, preparo", afirmou o petista fustigando Marília Arraes, que é desafeto seu desde os tempos de PT.

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Alckmin, fazendo um balanço da ida ao estado natal de Lula, afirmou que "foram dois dias de imersão em Pernambuco e sua cultura". Ele também brincou fazendo referência ao recente apoio da cantora Anitta à candidatura Lula: "Vi uma camisa que dizia: Lula presidente, vice Anitta. A minha sorte é que Janja não deixa!", disse o ex-tucano, arrancando risadas do público. Acompanhando as falas anteriores, Alckmin convocou a militância a "eleger Lula, Danilo e Teresa".

Lula: "o povo não pode pagar pelas nossas discordâncias"

Com a última fala da noite, Lula iniciou seu discurso focado nos anos de desenvolvimento econômico do Nordeste. "Eu só queria provar que as pessoas podiam fazer as três refeições, que nenhuma criança dormiria sem tomar seu café com leite [...] E conseguimos."

O ex-presidente lembrou programas exitosos durante os governos petistas e comparou com os do governo Bolsonaro, a exemplo do Mais Médicos, que foi extinto e substituído pelo fracassado Médicos pelo Brasil; e mencionou o Minha Casa Minha Vida, comparado ao Casa Verde Amarela; citou ainda o aumento real do salário mínimo e as políticas fomento à agricultura familiar. "Esse genocida não fez absolutamente nada!", denunciou.


Apesar da tensão do público, a unanimidade nas falas dos pré-candidatos, incluindo Lula, era a necessidade da unidade e respeito às divergências / Ricardo Stuckert

Lula citou a histórica oposição entre Miguel Arraes (PSB) e o então presidente Itamar Franco, comparando à sua relação com o hoje aliado Alckmin. O petista recordou: "Arraes foi perseguido. Ele divergia do presidente e o dinheiro não vinha pra cá. Eu quando fui presidente, era adversário do governador Alckmin, mas não o persegui. O povo não pode pagar pelas nossas discordâncias".

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Lula evitou a tensão do ambiente, discursou com foco nas questões que unem e deixou apenas para a última frase sua declaração de apoio ao pré-candidato do PSB ao Palácio do Campo das Princesas. "Eu vou vir várias vezes aqui nas eleições. E vocês precisam saber que aqui em Pernambuco meu candidato tem nome e é o companheiro Danilo Cabral". A fala se encerrou sem vaias, com muitos aplausos dos apoiadores de Danilo. 

A próxima agenda confirmada do presidenciável pelo Nordeste será no estado da Paraíba, onde a visita está prevista para o dia 4 de agosto. 

Edição: Vanessa Gonzaga