Distrito Federal

Música

Projeto pretende lançar mulheres compositoras no DF, inscrições estão abertas até 19 de agosto

Proposta é gravar a primeira música e o primeiro videoclipe de cinco compositoras; resultado sai em 12 de setembro

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
De acordo com organizadoras do projeto, o foco é não deixar que as mulheres desistam de suas artes. - Foto: Thaís Mallon

Até o dia 19 de agosto estão abertas as inscrições para o projeto "Se lança, mana!", uma iniciativa de artistas do Distrito Federal, com financiamento do Fundo de Apoio à Cultura da cidade.

Mulheres compositoras cis ou transgênero que não possuem nenhum trabalho musical terão oportunidade única de gratuitamente montar um portifólio artístico com uma música registrada, um videoclipe, fotografias artísticas e release. 

Larissa Umaytá, percussionista, educadora, produtora, e uma das idealizadoras do projeto diz que a ideia surgiu da consciência de saber que a carreira fonográfica para mulheres artistas independentes é mais difícil do que para qualquer outro gênero. 

"Quando falamos de mulheres no mercado da música sabemos que existem bloqueios e dificuldades. Muitos são os motivos que fazem com que nós mulheres não tenhamos forças para continuar e realizar. Quisemos fazer o projeto no DF por acreditarmos em artistas e compositoras que  conhecemos aqui com performances e composições incríveis, mas não tem nada formalizado", diz.

Ela acredita que as dificuldades vão desde ao fato de ser mulher no mercado a dificuldades financeiras para investimento como também entendimento técnico para se projetar na carreira.

"Muitas vezes a mulher não tem acesso a um estúdio, a uma pessoa que faça uma produção maneira. Não tem acesso até ao entendimento técnico necessário para lançar um single e realizar um trabalho. Uma das motivações desse projeto veio de observar várias parceiras que conhecemos e que passam por isso", completa.

Também idealizadora do projeto, Letícia Fialho, cantora, instrumentista e compositora, ressalta que o projeto também quer preencher a lacuna de um problema vivido por ela e Larissa, enquanto mulheres negras.

"Idealizamos o projeto a partir de nossas próprias vivências enquanto mulheres negras musicistas. Hoje, temos uma carreira em ascensão e alguns acessos a recursos, ferramentas profissionais e redes de profissionais, mas nem sempre foi assim", revela.

O foco principal do projeto consiste em não deixar que as mulheres desistam de suas artes. Larissa frisa que o "Se lança Mana",  é um meio de "colaborar para realizar''.

Processo

Após encerrado o período de inscrição, cinco mulheres serão escolhidas. O resultado da seleção será divulgado pelas redes sociais no dia 12 de setembro. 

Cláudia Costa, advogada, produtora cultural, coordenadora de produção e assessoria jurídica do projeto diz que antes de iniciar a execução do trabalho, as escolhidas serão ouvidas e orientadas. 

"Vamos nos reunir com as selecionadas, conversar e entender o que elas pensaram sobre essa música, o que querem alcançar com esse trabalho e vamos cuidar pra que sejamos fiéis a isso. Teremos ensaios com elas e a banda, vamos orientá-las quanto aos direitos autorais, sociedades arrecadadoras, como elas podem monetizar o trabalho de composição, entre outras coisas", explica 

Cláudia pontua que para completar o portifólio, as selecionadas terão também uma sessão de fotos e receberão um portfólio artístico básico. "Como um kit básico para vender sua música e seu trabalho no mercado fonográfico".

A sessão de fotos e o videoclipe serão produzidos por Thais Mallon, fotógrafa com formação em audiovisual e Luiza Garonce, jornalista e videomaker.

"A nossa ideia é que os vídeos tenham uma estética que conecte com todos para que a gente crie uma identidade audiovisual do "Se lança, mana!". Mas não é por isso que os vídeos vão ter a mesma cara e proposta, ou seja, a intenção é ouvir cada compositora para pensar e desenvolver ideias próprias para cada uma, de forma que o vídeo represente aquela artista, trazendo símbolos e características únicas para cada produção. O mesmo acontecerá com as fotos", diz Thaís Mallon.

Além da produção do portifólio, as selecionadas irão aprender sobre direitos autorais e serão incentivadas a profissionalização para o mantimento no mercado. 

"Infelizmente as artistas mulheres, não só de Brasília, mas do país em geral, não são informadas adequadamente sobre direitos autorais. Não é atoa que na União Brasileira de Compositores, apenas 15% de associados na entidade são mulheres, contra 85% de homens. Nós queremos mudar isso, mesmo que no cenário local, orientando essas mulheres, e, até quem sabe, abrir o debate para outras artistas atuantes há mais tempo no cenário cultural", explica Cláudia Costa. 

Com a assessora de imprensa e jornalista, Maíra Brito, as escolhidas terão a oportunidade de construir um material profissional para ser encaminhado para a mídia. "Meu papel é produzir um release bacana com todas as informações, trajetória para que elas tenham um material redondinho para se apresentarem à imprensa", diz Maíra.

Mercado da música

No mais recente relatório, produzido em 2020, pela União Brasileira de Compositores (UBC) que revela a representatividade feminina na música brasileira, foi descoberto que entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais no país, apenas 10 são mulheres, considerando inclusive os rendimentos que vêm do exterior. 

Foi divulgado ainda que em 2019, as mulheres receberam somente 9% do total distribuído em direitos autorais. Com mais de 33 mil associados, apenas 15% são mulheres. A pesquisa aponta também que, entre as quase 5 mil associadas, a maior concentração está no sudeste, com 64%, enquanto a região norte reúne apenas 2%. 

Serviço

Projeto "Se lança mana"

Inscrições até 19 de agosto

Formulário para inscrição disponível aqui

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Edição: Flávia Quirino