A juventude não é somente o amanhã, ela também é o hoje
Setembro de 2021: jovens militantes tingiram de vermelho a sede da Prevent Senior, em São Paulo. A ação, conhecida como "escracho", foi uma forma de denunciar o sangue derramado pelos pacientes com covid-19 em decorrência das práticas ilegais adotadas pela rede de plano de saúde, que colocou o lucro acima de vidas.
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Essa manifestação pública teve visibilidade, gerou críticas, reflexões e diálogo na sociedade. Essa foi apenas uma das formas de denúncia utilizada pelo Levante Popular da Juventude, que em 2022 completa 10 anos de existência com o lema "Na luta por um Brasil para os brasileiros", e defende um projeto popular no Brasil. Nesta edição do Vozes Populares, conheça mais sobre o movimento.
Do periferias urbanas ao campo
Há quem pense que o Levante Popular da Juventude é intrinsecamente um movimento estudantil. No entanto, ele é construído por jovens de todo o país e de todos os espaços em que estão inseridos, desde as periferias urbanas até o campo. No mês da juventude, apresentamos um movimento que enxerga os jovens como protagonistas da transformação social que o Brasil precisa.
Isabela Ferreira, militante do movimento no Rio Grande do Norte e pesquisadora na área de História, explica que foi justamente a forte presença do Levante no Felipe Camarão, bairro da zona oeste de Natal, que a instigou a se organizar politicamente, cerca de 6 anos atrás. Pela companheirada da militância, ela é conhecida como “Bela”.
"O Levante aqui no estado tem um trabalho importante, principalmente nas periferias da nossa cidade. Temos essa capilaridade forte, que é retomar esse trabalho, que muitas vezes a juventude universitária acabou deixando de lado, priorizando a organização dos jovens nos espaços universitários e escola", afirma.
Solidariedade e conexão com a classe trabalhadora
Bela explica que uma das formas de se inserir nas periferias durante a pandemia foi através das ações de solidariedade, em que, junto a movimentos parceiros, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), conseguiram levar comida e ações culturais para as comunidades. Tudo isso sem tirar de mente a importância da organização política.
A aposta na juventude não é por acaso. Bela cita nomes como Edson Luiz, Helenira Resende, Emanuel Bezerra e Natália Alves como jovens militantes que estiveram presentes ativamente em momentos importantes de mudança no país, como a ditadura militar e a campanha “O Petróleo é Nosso”, na década de 1930.
A militante aponta como a juventude têm tido coragem. "As formas de organização que a juventude tem encontrado são enormes e mostram que é possível. Vamos falar, por exemplo, na cultura… Aqui no Nordeste, tem o pessoal do pagode baiano, na Bahia; tem o pessoal do passinho, no Recife; tem o pessoal da swingueira, aqui em Natal", cita.
O objetivo é canalizar a rebeldia que a juventude tem para construção dos direitos humanos e de um projeto de vida e de país que o Levante chama de Projeto Popular. "Às vezes a gente fala 'ah, a juventude é o amanhã', mas a juventude não é somente o amanhã. Ela é o hoje também e essas formas de organização demonstram como é importante a gente estar em coletivo para a construção de uma transformação social", defende a jovem.
Para conhecer mais, acesse o site oficial do movimento: levante.org.br.
Edição: Vanessa Gonzaga