A agroecologia tem essa capacidade de produzir alimento com qualidade e com muito amor
A agroecologia é um modelo de produção sustentável que pode ser a solução contra a fome no mundo e uma resposta à crise ambiental que vivemos. É isso que defendem agricultores familiares, pesquisadores e movimentos populares do campo e da cidade.
Para eles, além de garantir alimento saudável e sem veneno, a agroecologia é também um modo de vida. Baseada em uma reconexão entre o ser humano e a natureza, ela é ancorada em conhecimentos seculares de povos tradicionais e atrelada a conhecimentos acadêmicos e científicos.
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Experiências de agroecologia tem dado certo em vários lugares do mundo. E para que essas experiências se multipliquem, é preciso tomar essa luta como um compromisso político. Por isso, nestas eleições, a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) puxa mais uma vez a campanha “Agroecologia nas Eleições”, tema desta edição do Vozes Populares.
Agroecologia nas Eleições
Há duas décadas, a Articulação Nacional de Agroecologia tem sido um espaço que une movimentos, redes e organizações da sociedade civil que estão engajadas em experiências agroecológicas. Foi durante todo esse tempo que diversas práticas que deram certo pelo Brasil foram coletadas e sistematizadas.
Com a campanha Agroecologia nas Eleições, um objetivo é elencar ideias e políticas públicas que já estão em prática para servir de inspiração para candidatos e candidatas. Eles podem firmar adesão à campanha assinando uma carta-compromisso.
Giovanne Xenofonte, integrante da ONG Caatinga e membro do Coletivo de Articulação Política da ANA pela Rede ATER Nordeste, avalia que a campanha tem tido um saldo positivo. "As primeiras análises dão conta de que a estratégia de ter um documento balizador e de fazer toda essa incidência para a assinatura da carta tem conseguido cumprir o papel de pautar a agroecologia nas eleições. Obviamente que a gente sempre acha que tem que ser mais debatido, mas a gente está muito satisfeito com as aderências. Mais de trezentos candidatos aderindo a carta já é um bom resultado", pontua.
Quando a entrevista com Giovanne foi feita, as assinaturas estavam na casa dos 300. Agora, a poucos dias do primeiro turno, já são mais de 450 candidaturas espalhadas pelos estados do Brasil. O integrante atribui a grande adesão às várias ações, físicas e digitais, que têm sido feitas pelo movimento. Ele cita como exemplo o Festival Semiárido Vivo, que aconteceu em agosto em Triunfo (PE) e rendeu mais de 12 assinaturas, além de muito diálogo sobre a agroecologia.
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Agroecologia como um caminho possível
No site da campanha foram reunidos uma série de materiais para os candidatos e candidatas que querem se aprofundar mais no tema da agroecologia, como o documento “Brasil, do flagelo da fome ao futuro agroecológico – Uma análise do desmonte das políticas públicas federais e a agroecologia como alternativa”, que reúne e analisa os principais atos de desmonte de políticas públicas federais de apoio à agricultura familiar, à agroecologia e à segurança alimentar e nutricional durante os governos Temer e Bolsonaro.
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Apresenta, ainda, um mapeamento com políticas públicas e normativas estaduais que fortalecem a agroecologia brasileira. Já a carta-compromisso foi pensada baseada em cinco eixos. Eles levam em consideração o direito ao acesso à terra, o enfrentamento à fome, a promoção da soberania e segurança alimentar, a democratização da comunicação e da cultura, participação social e promoção da igualdade de gênero e racial.
Giovanne defende o porquê a agroecologia é o melhor caminho. "Ela é fundamental porque tem essa capacidade de produzir alimento de qualidade e também com muito amor. Acho que uma das características da agricultura familiar camponesa é esse vínculo com a terra, com a natureza, com o meio ambiente. Isso obviamente faz uma diferença danada na hora de produzir alimentos", afirma.
O movimento agroecológico tem defendido esse modo de produção como uma proposta de desenvolvimento da nação. "[A agroecologia] é de fato uma proposta inclusiva. Ao mesmo tempo, a gente denuncia também que o agronegócio não é tech, não é pop, não envolve as pessoas. Ele destrói o meio ambiente e a gente quer de fato um desenvolvimento com inclusão", finaliza.
Para ter acesso a carta-compromisso, saber quais candidaturas já assinaram e entender mais sobre experiências de agroecologia espalhadas pelo país, acessa esse site.
Edição: Vanessa Gonzaga