Paraná

Artigo | E o que farei de Jesus, chamado Cristo? (Mateus 27:22)

Bolsonaro mentiu nos debates. Ele sabia que dava para conferir, mas mentiu mesmo assim – é sua língua

Curitiba (PR) |
"Quando Pilates pergunta: o que farei de Jesus, chamado Cristo? Respondem, em massa, sem refletir: Crucifica-o." - ©Luis Acosta/AFP

As igrejas pararam de pregar os evangelhos; há algum tempo; nos cultos, só Antigo Testamento ou livros de Paulo. Jesus não cabe mais neles.

Para falar de Jesus, têm que dizer que Jesus chorou quando viu pessoas chorarem a morte de Lázaro. Teve compaixão, sentiu a dor. Como conciliar, então, Jesus com o apoio a um homem que, no meio da pandemia, povo sofrendo, imitou gente morrendo e caiu na gargalhada?

Para pregar Jesus, têm que dizer que ele foi severo com o que usou arma: “guarde a espada. Quem lança mão da espada por ela será morto”. Como pode ser colocado ao lado de alguém que trabalhou a vida toda promovendo arma e violência? Foi afastado do exército. Como deputado, tudo que fez foi defender arma. Como presidente, divulgou o símbolo da “arminha” como propaganda. Arma mata, só isso. Não dá pra apoiar ao lado de Cristo.

E, ainda, para falar de Jesus, têm que mostrar João 8:48: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio. Quando mente, fala sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.”

Bolsonaro mentiu nos debates. Ele sabia que dava para conferir, mas mentiu mesmo assim – é sua língua. Conheço um pastor há 30 anos. Nesta campanha, mandou vídeos: tudo mentira – vídeo montado e ele repassa. Pensei: que demônio é esse que faz uma campanha inteira baseado em mentira?

Não dá para conciliar. As igrejas tinham que escolher entre Jesus ou bolsonaro (em minúsculo).

E escolheram bolsonaro.

A prova é que, quando se fala no Evangelho, elas não escutam. Ouvidos moucos; dão respostas que estão longe de Cristo e Sua palavra. Perderam o amor. Vejo a multidão de gente de igreja gritando “Barrabás”.

Quando Pilates pergunta: o que farei de Jesus, chamado Cristo? Respondem, em massa, sem refletir: Crucifica-o.

Isso é muito triste.

*Maurini de Souza é jornalista, teatróloga e professora. Evangélica.

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini