Paraíba

REPRESSÃO

Mais um bloco teve a sua programação encerrada pela PM antes do horário previsto

Desta vez foi o bloco Tem Gogó Kirida, que estava acontecendo no Bar da Cléa, no Castelo Branco, nesta terça (14)

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
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Mais um bloco teve a sua programação encerrada antes do horário previsto por conta da Polícia Militar da Paraíba. Desta vez foi o bloco Tem Gogó Kirida, que estava acontecendo no Bar da Cléa, no Castelo Branco, na noite desta terça-feira (14).

Segundo Olívia Cantriz, uma das organizadoras, o bloco solicitou através de edital da Prefeitura uma série de itens como som, cachê e banda. E para serem deferidos os tais pedidos, o edital exigia algumas documentações como licença da Semob e da Semam.

“A gente se inscreveu no edital da prefeitura. E para que fossem aprovados, tivemos que apresentar todas essas documentações, e assim fizemos. E aparentemente houve essa denúncia de som e então eles (a Polícia Militar) vetaram o nosso som que estava rolando. O pessoal guardou o equipamento e eles disseram que a gente poderia continuar, mas sem o som. Eram 10h e pouco da noite, ainda não era meia-noite, que é o limite”, conta Olívia


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Dona Cléa, proprietária do estabelecimento, comenta que é costume da Polícia interferir na programação do bar: 

“Só tinha o meu bar aberto, e o que acontece é muita inveja. E quando tá rolando alguma festa alguém vai e liga para polícia. Mas a minha documentação é tudo correto, tudo direitinho pela prefeitura porque o professor Elton da Universidade fez tudo direitinho. Então, por que eles fizeram isso, já que a festa tinha que parar à meia-noite, e quando foi 10h e pouco eles pararam a festa? Eu sou vítima disso, não é a primeira vez. De outra vez eu passei um constrangimento horrível aqui, o bar estava lotado e chegou um policial e obrigou a fechar e colocar todo mundo para casa, feito o pai que manda filho aos gritos!”, disse ela.

Essa intervenção da Polícia Militar em mais um bloco da cidade ocorre dois dias após do gravíssimo incidente que aconteceu no bloco Viúvas da Torre no última domingo (12), quando o artista Totonho e sua banda tiveram o palco invadido pela PM e foram retirados sob ameaça de prisão às 21h10 da noite, horário bem antes do estabelecido pelo Termo de Ajustamento de Conduta assinado pelos blocos de bairros.

Chama a atenção também o fato de serem blocos absolutamente pacíficos, comunitários e com uma presença maciça de artistas locais e foliões da comunidade. Além disso, são blocos hegemonicamente de esquerda, que faziam oposição ao governo de Jair Bolsonaro, o qual ainda detém grande fascínio por boa parte dos policiais militares brasileiros.

O Jornal Brasil de Fato entrou em contato com o Major Máximo, coordenador da Comunicação da Polícia Militar da Paraíba, e também com Jean Nunes, da comunicação da Secretaria de Segurança do Estado, na tentativa de obter respostas a respeito dessa atuação da polícia com os artistas e os blocos comunitários. 

O Major Máximo respondeu que “irá pedir os relatórios dos comandantes dos eventos citados para responder”. Já o Jean Nunes não deu nenhuma resposta.

Até o fechamento dessa matéria não logramos resultado.

 

 

 


 

Edição: Polyanna Gomes