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Defensores da Serrinha do Paranoá questionam especulação imobiliária que ameaça preservação de nascentes

Frente Parlamentar em Defesa da Serrinha foi lançada na CLDF na sexta (4)

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Parlamentares e especialistas ressaltaram a importância da Serrinha para o equilíbrio hídrico do DF - Eurico Eduardo/Agência CLDF

No evento de lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Serrinha, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizado no dia 4 de agosto, diversos representantes e defensores da região, incluindo o deputado e presidente da Comissão de Direitos Humanos Fábio Félix (PSOL), ressaltaram que essa iniciativa marca o início de um esforço conjunto para proteger o meio ambiente. 

“A Serrinha é a fotografia, mas tem um plano de fundo em relação a isso que é a luta por um comprometimento maior do governo do Distrito Federal em defesa das águas, nascentes e meio ambiente, de forma geral com uma política que seja minimamente comprometida com essa agenda”, apontou o parlamento. 

Segundo Fábio Félix, o GDF precisa repensar a questão fundiária e a especulação imobiliária. Ele destacou que interesses econômicos têm impulsionado a exploração de diferentes áreas, muitas vezes negligenciando considerações técnicas.

Doutor em geociências em meio ambiente pela Universidade Estadual Paulista e professor adjunto da Universidade de Brasília (UnB), José Vicente apresentou resultados de sua pesquisa que evidenciam a importância da Serrinha para a conservação da água. Ele explicou que a composição geológica da área, incluindo quartzito e ardósia, aliada a falhas nas rochas e terrenos planos, possibilita a infiltração e a permeabilidade do solo, resultando em nascentes, córregos e rios vitais.

Seu estudo indicou que a Serrinha contribui significativamente para o abastecimento do Lago Paranoá, fornecendo até 40% da água pura e cristalina, e potencialmente até 60%. No entanto, dados da CAESB revelaram que, de 2003 a 2023, as vazões diminuíram ao longo dos anos devido a ocupações desordenadas, incêndios e intervenções no ambiente natural.

“Nosso estudo sugere que esta área seja destinada como interesse público, pelos serviços prestados à saúde ambiental e humana sendo designada a conservação e preservação dos recursos naturais, para as gerações futuras e manutenção do bem-estar ambiental e humano”, afirmou o professor.

Lúcia Mendes, ativista em defesa da Serrinha e suas nascentes, destacou a importância de enfrentar a conversão irresponsável de áreas rurais em zonas de expansão urbana. Ela questionou a razão para tal expansão, especialmente quando existem quase 150 mil domicílios desocupados no Distrito Federal, segundo o Censo de 2022.

“A gente tem que colocar para os empresários de imobiliárias que qualquer área de expansão é problema na bacia hidrográfica, é problema na água. Não tem que fazer mais esse tipo de expansão tão inconsequente e que não atende a população de baixa renda. Se fizer qualquer empreendimento tem que pensar no cuidado e no ecossistema”, disse. 

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Edição: Flávia Quirino