Tarifa zero?

Contra privatização, metroviários de SP marcam greve nesta terça (15) e desafiam governo de Tarcísio de Freitas a liberar catraca

Nesta segunda (14) acontece reunião de negociação com o Metrô e, às 18h, assembleia confirmará ou não a paralisação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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TRT-SP determina que mesmo com paralisação, 70% da frota deve funcionar; sindicato rebate que "vai exercer seu direito de greve" - Mauricio Lima/AFP

Os metroviários de São Paulo pretendem deflagrar uma greve a partir de 0h01 desta terça-feira (15) contra o processo de privatização e terceirização do sistema metroferroviário em curso pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Demandam, especificamente, a revogação de um edital que visa terceirizar o serviço de manutenção da Linha 15-Prata, cujo pregão está marcado para 28 de agosto. 

Nesta segunda-feira (14) uma reunião de negociação acontece entre o sindicato e a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e às 18h uma assembleia da categoria confirmará ou não a paralisação.  

Caso a paralisação se confirme, os trabalhadores vão definir se será por 24h ou tempo indeterminado. Em caso de greve, os metroviários afirmaram estar dispostos a trabalhar desde que o governo de São Paulo libere a catraca livre para a população. 

O Brasil de Fato questionou a empresa estatal sobre a reivindicação da greve e a possibilidade de tarifa zero durante a mobilização, mas não teve resposta até o fechamento da matéria. O texto será atualizado se o posicionamento for enviado. 

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O Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP) concedeu uma liminar ao Metrô de São Paulo prevendo que, em caso de greve nesta terça (15), 70% da frota deve operar nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 30% nos demais horários. A multa diária prevista por descumprimento é de R$ 100 mil.  

Questionada se a categoria deve cumprir a liminar, a presidenta do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, afirma que “a categoria vai exercer seu direito de greve”.  

“O governo Tarcísio, desde que foi eleito, tem reafirmado seu projeto de privatizar todo o sistema metroferroviário do estado de São Paulo. Somos contrários a esse projeto pois ele significa a piora do serviço e o aumento da tarifa”, pontua Lisboa. 

“As experiências das linhas 8 e 9, que agora são geridas pela empresa ViaMobilidade mostram categoricamente que a privatização piora o serviço, atrasa a vida dos passageiros e, diferentemente do que o governo diz, não economiza o dinheiro público. Ao contrário, esses contratos preveem a garantia de lucro por 30 anos”, enfatiza. 

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A greve é também uma forma de protesto contra a demissão de três trabalhadores por conta da colisão de trens do monotrilho da Linha 15-Prata no último 8 de março.  

“O que aconteceu foi um acidente de trabalho. Os três companheiros atuaram dentro dos procedimentos, mas o que o governo do Estado não revela, evidentemente, são as falhas no sistema”, diz a presidenta do sindicato. 

Plebiscito 

Os metroviários integram uma campanha conjunta com trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básica de São Paulo (Sabesp) contra a privatização. Em setembro, pretendem organizar um plebiscito popular para que a população manifeste sua opinião sobre o tema. Em outubro, está prevista uma mobilização unificada entre as categorias.  

“Nosso segundo desafio ao governo Tarcísio é que esse plebiscito seja feito oficialmente”, propõe Narciso Soares, vice-presidente do Sindicato dos Metroviários. 

“A gente está nessa campanha geral contra a privatização dos serviços públicos essenciais. Ao contrário, queremos que haja mais investimento. E nossa greve vem no sentido de alertar contra esse processo”, explica Narciso.  

Edição: Vivian Virissimo