Há aproximadamente três anos, uma organização política está trabalhando para eliminar as barreiras que impedem que pessoas negras do campo progressista sejam eleitas em cargos políticos. O Observatório Feminista do Nordeste é responsável pelo projeto "Enegrecer a Política", uma iniciativa destinada a expandir a representação de negros e negras nos espaços de decisão política.
Este observatório, composto por mulheres negras periféricas e feministas antirracistas, dedica-se a uma ampla gama de atividades, incluindo pesquisas, monitoramento legislativo, incidência política e articulação. Confira:
Marília Gomes, co-criadora do Observatório, enfatiza que o objetivo é fortalecer a democracia por meio da participação ativa das mulheres, especialmente das mulheres negras. "Fizemos um trabalho minucioso nas assembleias legislativas da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte para identificar os esforços relacionados aos direitos das mulheres, com foco nas mulheres negras do Nordeste do Brasil. Também buscamos produzir pesquisas e documentar nossas lutas, bem como as realizações das mulheres que ocupam esses espaços de decisão", explicou.
Além das atividades em andamento, o Observatório iniciou um ciclo de debates em setembro e outubro como parte do projeto de intercâmbio entre mulheres nordestinas, com eventos realizados em Pernambuco e na Bahia. O primeiro debate, ocorrido recentemente no Recife, discutiu as dinâmicas da violência política de gênero e raça enfrentadas pelas mulheres negras do Nordeste, bem como as estratégias para enfrentá-las.
De acordo com Marília, esses debates buscam aprofundar a visibilidade e a participação de pessoas negras na política. "Com esses debates, queremos não apenas destacar o significado da violência, mas também analisar as dinâmicas em que ela ocorre. A violência de gênero e raça ocorre em associações, ambientes políticos, organizações de coletivos e movimentos sociais, permeando diversos âmbitos. Portanto, o debate visa ampliar a compreensão do que é a violência e, principalmente, desenvolver estratégias de enfrentamento", enfatizou.
O segundo debate está programado para ocorrer em 10 de outubro, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador.
O Observatório Feminista do Nordeste também disponibiliza uma plataforma de denúncia de casos de violência política de gênero e raça em suas redes sociais. Todas as denúncias publicadas são registradas junto à Ouvidoria do Ministério Público Federal, à Ouvidoria da Mulher do Tribunal Superior Eleitoral, ao Sistema de Denúncias do TSE e à Ouvidoria do Ministério Público do estado onde a violência ocorreu.
Para saber mais sobre o trabalho desenvolvido pelo observatório, acesse: @obsfeministanordeste.
Edição: Helena Dias