Rio Grande do Sul

GUERRA

Aula pública em Caxias do Sul debate genocídio na Palestina e criação de comitê

Evento contou com a fala transmitida ao vivo de Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A atividade constituiu um espaço de debate sobre a criação de um comitê municipal para a visibilidade palestina - Foto: Inez Gelatti

Aula pública foi realizada na noite desta quarta-feira (24), no Cinema da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Além do presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, participaram Saulo Velasco, representando a Fundação Maurício Grabois, e Karina Santos, historiadora, geógrafa, professora e presidente do PSOL em Caxias.

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“Essa faixa de terra localizada ao longo do mar Mediterrâneo entre o Líbano e o Egito está sendo disputada pelo Estado Sionista de Israel há mais de 75 anos”, contextualizou Saulo, que é professor com especialização em metodologia do ensino de Filosofia e Sociologia. “Mas esta não é uma disputa justa, pois um Estado foi criado, enquanto o outro povo tem esse direito negado até hoje”, pontua. “O povo palestino merece o direito de exercer a sua soberania”, diz Saulo.

Sionismo e Imperialimo

Já Ualid Rabah mostrou com toda a precisão histórica como a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) não tem conseguido resolver a questão do conflito na região com a diplomacia. “Desde a criação e o início da existência do Estado de Israel, este vem descumprindo todas as normativas da ONU que sempre orientaram para que o Estado da Palestina fosse criado e implementado de fato”, diz Ualid. “Hoje, 81% da população originária palestina já foi exterminada etnicamente para a criação e expansão imperialista do Estado Sionista de Israel”, explica.

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“Os acordos que originaram a criação do Estado do Israel são anteriores a 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Ainda em 1987 é realizado o 1º Congresso Sionista que fundamenta as suas bases no colonialismo racial e imperialismo. Quando o Império Otomano fica entre os perdedores da 1ª Guerra, seu território de influência vira espólio entre os sionistas europeus, com forte defesa na corte inglesa para a criação do Estado de Israel, sem previsão em nenhum momento da criação do Estado Palestino”, explica Ualid.

Palestina é uma prisão a céu aberto

Hoje a Palestina é uma prisão a céu aberto, com mais de 2 milhões de pessoas vivendo sem condições mínimas de saúde e sofrendo diariamente com a falta de água, saneamento, varrida por doenças como sarampo e varíola, além das demolições de casas e bombardeios diários.

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Entre os palestinos hoje em Gaza, 53% vivem na extrema pobreza, sem acesso ao mínimo de calorias diárias para a sobrevivência e 68,5% estão vivendo em insegurança alimentar. Ao todo, 48% do território da atual Faixa de Gaza já foi destruído pelos bombardeios ou demolições impostas pelo Exército de Israel.

Karina Santos lembrou que a atual população da Faixa de Gaza vive em um espaço territorial menor que a cidade de Farroupilha, na Serra Gaúcha. “E entre os mais de 4 mil mortos nestes últimos 15 dias de bombardeios intensos, 2 mil são crianças e jovens”, lembrou a presidente do PSOL.

Caxias delibera por criação de Comitê

Além do mobilizar os formadores de opinião e esclarecer sobre a realidade da Faixa de Gaza, a atividade constituiu um espaço de debate sobre a criação de um comitê municipal para a visibilidade palestina. Esse comitê poderá reunir diversas forças progressistas da cidade, em um amplo debate sobre as causas do martírio do povo palestino e as possibilidades de apoio.


Edição: Katia Marko