Rio de Janeiro

DESENVOLVIMENTO

Como a economia solidária pode auxiliar na busca por justiça social?

Para explicar o tema, o Brasil de Fato conversou com Andrea Cunha, secretária de Economia Solidária da cidade de Maricá

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
"A gente consegue identificar que pode ter uma sociedade mais justa", diz Secretária de Economia Solidária de Maricá - Katito Carvalho

No dia 15 de dezembro é celebrado o Dia Nacional da Economia Solidária, a lei foi sancionada em 2019, e a data tem o objetivo de incentivar a defesa do trabalho associado e voluntário, a partir do desenvolvimento sustentável, respeito à vida e com justiça social.

Para entender melhor o que é esse modelo de economia que visa a produção de mais empregos e distribuição de renda como forma de tornar a sociedade mais igualitária, o Brasil de Fato RJ conversou com Andrea Cunha, secretária de Economia Solidária da cidade de Maricá, região Metropolitana do Rio de Janeiro.

De acordo com Andrea, a economia solidária tem um papel indispensável na busca da equidade: “A gente consegue entender que pode ter um mundo diferente, um mundo melhor, totalmente diferente dessa nuvem no nosso entorno que é um mundo desigual, esse mundo capitalista que só visa o lucro. A gente consegue identificar que pode ter uma sociedade mais justa, mais igualitária, uma vida melhor para seus filhos, suas famílias, uma sociedade mais solidária”. 

Confira a entrevista completa:

Brasil de Fato RJ: O que é a economia solidária e qual seu papel no desenvolvimento social?

Andrea Cunha: A importância da economia solidária na questão da economia local é que ela é um instrumento transformador de um modelo de desenvolvimento alternativo e que vai ao contrário desse modelo neoliberal e capitalista.

Ela aponta, na verdade, várias formas de gerir a economia de forma alternativa: empresas, grupos de produção, grupos de troca, redes de gestão, então é um outro modelo. É um modelo alternativo de uma economia que distribui renda. E o outro modelo, que é um modelo capitalista, concentra renda, visa o lucro. A economia solidária não, ela tem essa questão da troca, da solidariedade, do justo.

É a utopia que se realiza, nossos sonhos acabam se realizando, então é uma forma nova de modelo econômico que traz para as pessoas uma relação de coletivizar, uma economia que pode ser usada para desenvolvimento local, permitir metodologias de ações, fomento, geração de emprego e renda como alcance para um novo padrão de qualidade de vida, autogestão das potencialidades locais, articulação entre os atores envolvidos da forma mais democrática e socialmente justa.

Um dos objetivos da economia solidária é promover a inclusão, qual a importância disso?

A gente tem aqui vários projetos que trazem a consciência para as pessoas. A gente tem o "Mumbuca Futuro", por exemplo, que basicamente forma os nossos jovens no contraturno escolar, que é a formação de fato da economia solidária.

Quando a gente começa a trabalhar a consciência do nosso cidadão, formação, educação, você consegue começar a transformar uma sociedade. As pessoas começam a ver a sociedade e a economia de uma outra maneira, de uma maneira mais solidária.

A gente quer erradicar o analfabetismo, fazer com que as pessoas leiam, o letrar. Elas entram na sociedade porque elas sabem ler e escrever, e aí começa a transformação, isso é inclusão.

Quais impactos a economia solidária pode causar numa localidade?

Esse modelo de economia vislumbra muito o protagonismo comunitário, o trabalho coletivo, o bem viver, as relações mais igualitárias entre os seres humanos, esse é o impacto. Ela resgata sentidos compartilhados de preconização da justiça social.

Instaurando a participação, o fortalecimento do local, daquela localidade, é o ideal democrático. Então tem esses impactos fundamentais sobre a dinâmica inclusiva das relações interpessoais e também as institucionais, então a gente consegue ver e perceber essa diferença.

Esse modelo de economia visa principalmente o bem-estar do povo?

A cidade respira muita cultura, muita inovação tecnológica, qualidade de vida o tempo inteiro. Eu, enquanto secretária, consigo enxergar a economia solidária em tudo. Existe a transversalidade que é institucional, mas existe também a transversalidade que você faz na relação com as pessoas, com aquela revalorização e valorização da cultura.

Por exemplo: uma artesã que faz seu trançado de taboa, você olha para aquilo e não vai pensar que é somente um trançado, ali existe um valor, ali existe uma identidade, uma tradição e se você tem a consciência desse valor, você pode trabalhar a economia local fazendo a formação com a garotada, com as crianças, dentro das escolas, você vai construindo e valorizando aquela cultura enquanto identidade, enquanto força daquele lugar.

Edição: Jaqueline Deister