Pernambuco

ELEIÇÕES 2024

Cientista política vê Lula com mais capacidade que Raquel para influenciar disputas em Pernambuco

A governadora tucana, como o presidente petista, testarão suas forças como cabos eleitorais nos municípios este ano

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A governadora Raquel Lyra (PSDB) e o presidente Lula (PT) têm relação cordial, mas devem estar em palanques opostos nas disputas municipais - Ricardo Stuckert/Presidência da República

A cientista política Priscila Lapa, em entrevista ao Brasil de Fato Pernambuco, avaliou que apesar das gestões de Lula e Raquel ainda não terem mostrado a que vieram, o recall do petista - nascido em terras pernambucanas - tende a influenciar mais que o da governadora tucana nas disputas municipais. Ela também citou João Campos (PSB) como favorito no Recife e considera que, diferente de 2020, a disputa deste ano tem ambiente "mais otimista".

Sobre as forças da governadora Raquel Lyra (PSDB) e do presidente Lula (PT) como cabos eleitorais em Pernambuco, Lapa destaca que Lula tende a se sobressair. "Nem a gestão de Lula e nem a de Raquel Lyra conseguiram 'decolar' ainda. Mas Lula é muito popular aqui no estado e muitos candidatos devem procurar colar suas imagens à dele. Isso pode ajudar a eleger prefeitos, principalmente nos redutos onde o PT tem boa performance", avalia.

Já sobre a gestora estadual, a cientista política diz que normalmente quando um governo é eleito embalado por um forte sentimento de mudança, como no caso de Lyra, isso tende a favorecer seus prefeitos aliados. "Mas as linhas políticas prioritárias do governo dela ainda não estão claras. E a governadora ainda não conseguiu demonstrar resultados nas áreas de segurança e infraestrutura, que são muito relevantes a nível estadual. Isso pode enfraquecê-la como cabo eleitoral", considera.

Priscila também destaca como fato relevante para a influência da governadora o desgaste que ela tem vivido junto aos deputados estaduais. "São os deputados os grandes apoiadores dos prefeitos", lembra Lapa.

No Recife, o atual prefeito e candidato à reeleição, João Campos (PSB), tende a ser o nome apoiado pelo presidente Lula (PT), enquanto o ex-deputado federal e atual secretário de Turismo e Lazer, Daniel Coelho (CD), deve ser o nome apoiado por Raquel Lyra (PSDB).

Campos favorito no Recife

A especialista avalia que o "franco favoritismo" de João Campos (PSB) traz dificuldades para os grupos de oposição escolherem seus candidatos. "Apesar de ser uma gestão de continuidade, ele tem feito inovações e conquistado para seu partido e para sua atuação política uma visibilidade em âmbitos estadual e nacional", diz ela, lembrando ainda boa performance do prefeito nas redes sociais.

Lapa aponta como elemento que pode jogar contra o prefeito é o fato de ele integrar "um grupo político que teve grande hegemonia, mas que sofreu um grande desgaste no último ciclo". "Vários políticos se descolaram do PSB para atuarem de forma mais independente, mas o bom desempenho de Campos já tem provocado uma reaproximação", pontua a cientista política.

Otimismo e polarização

A especialista reforça a avaliação de que as disputas municipais são mais influenciadas pela performance dos gestores locais. "A população avalia se o prefeito é capaz de resolver os problemas locais, de ter articulações que tragam recursos de Brasília para o município", diz ela. "Atributos de liderança, carisma e conhecimento de causa sobre os problemas da cidade também são muito relevantes", completa.

Mas, apesar da força dos problemas locais, o cenário de polarização ideológica que se cristalizou nos últimos anos tende a se manter. Mas, acredita ela, com mais abertura para discursos que apontem horizontes mais otimistas para os municípios. "A mudança no Governo Federal trouxe mais anúncios e os indicadores econômicos melhoraram. A pandemia também ficou para trás. Tudo isso tende a tornar o eleitor mais otimista", diz ela, fazendo uma comparação ao pleito municipal de 2020, no auge da pandemia da Covid-19. "O momento atual pode favorecer gestores com perfil de renovação, que tragam novas perspectivas - e, possivelmente, alinhados com o Governo Federal", aposta.

Edição: Helena Dias