Pernambuco

JUSTIÇA TRIBUTÁRIA

‘Para avançarmos na garantia de Direitos Humanos, temos que mudar o sistema tributário’, diz pesquisadora

O documento é produzido 47 organizações e 80 especialista, com organização da ONG Gestos

Recife (PE) |
Alessandra Nilo e Juliana César, ambas da Gestos, participaram da construção do Relatório Luz 2024 - Redação Gestos

Você sabe o que significa a sigla “ODS”? São os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, metas estabelecidas a partir de um acordo entre os países, por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), para orientar o avanços que precisam ser feitos na área dos Direitos Humanos até 2030.

Entre os objetivos estão, por exemplo, a eliminação da pobreza e fomes extremas, assim como o combate às desigualdades sociais, a preservação do meio ambiente e a garantia do bem estar social.

Quem tem cumprido o papel de pressionar os governos para o cumprimento dessas metas são as organizações da sociedade civil. A principal forma usada pelas ONGs de acompanhar e dar recomendações ao poder público é o “Relatório Luz”, um documento que acompanha os avanços e atrasos do Brasil na realização das ODS. O relatório é produzido 47 organizações e 80 especialistas. Este ano, o relatório foi organizado pela ONG pernambucana Gestos. A sua mais recente edição foi lançada em outubro.

Leia: Pernambucana entrega a Lula as demandas da sociedade civil para países do G20

Em 2023, polícia pernambucana matou mais pessoas que no ano anterior; 95% das vítimas eram negras, aponta estudo

Apesar de apontar alguns avanços, o Relatório Luz 2024 mostra que grande parte das metas ainda está longe de ser alcançada no Brasil. Das 169 metas, apenas 13 delas (7,7%) registraram progresso satisfatório; outras 58 (34,5%) apresentaram progresso insuficiente; 43 metas (25,6%) permaneceram estagnadas; outras 10 (5,9%) estão ameaçadas; e 40 metas (23,8%) retrocederam. Além disso, quatro metas (2,4%) não possuem dados suficientes para avaliação.

Sobre o assunto, o Brasil de Fato Pernambuco conversou com Juliana César, assessora de programas institucionais da Gestos. “A gente sai de 60% das metas em retrocesso para ter menos de 24%”, diz ela. “E o que acaba se destacando mais são as metas que estão em progresso insuficiente. O que isso significa? Ela está progredindo, mas num ritmo que não permite que a gente alcance a totalidade dessa meta até 2030”, explica.

Assista à entrevista na íntegra.

Entre 2022 e 2023, a redução da pobreza e da extrema pobreza e o crescimento da segurança alimentar evidenciaram a importância das políticas de distribuição de renda e dos programas sociais.

No entanto, o novo arcabouço fiscal e o endividamento público continuam travando o enfrentamento à pobreza e o alcance dos Objetivos Sociais de Desenvolvimento. Isso afeta, historicamente e de maneira desproporcional, as mulheres, meninas, pessoas negras e indígenas.

“Uma das recomendações mais antigas do Relatório Luz é a eliminação do arcabouço fiscal, o ‘teto de gastos’. A gente avançou um pouco nesse ano, mas ele não foi eliminado ainda. Se a gente quiser avançar mesmo, é preciso mudar esse sistema tributário que a gente possui, que ainda está baseado no consumo. Ou seja, a pessoa que mora na rua e a pessoa que é milionária pagam a mesma quantidade de imposto”, acrescenta Juliana Cesar.

A entrevista foi ao ar no Trilhas do Nordeste, o programa de entrevistas do Brasil de Fato Pernambuco. O Trilhas vai ao ar sempre às segundas, às 19h45, na TVT São Paulo (canal 44.1) ou nos canais no Youtube do Brasil de Fato e da TVT.

Leia também: Três em cada quatro municípios de Pernambuco estão despreparados para fenômenos naturais, avisa TCE

Adaptação climática deve estar nos planos diretores das cidades, ‘ou você vai viver eternamente em emergência’, diz pesquisador

Centro Sabiá, de Pernambuco, vence prêmio da ONU por tecnologia de reúso da água no Semiárido

Bancos públicos oferecem R$8,8 milhões para projetos de restauração ecológica do bioma Caatinga

Edição: Vinícius Sobreira