Nesta quarta-feira (11), o vereador Ivan Moraes Filho (Psol) e a equipe que integra o seu mandato, lançaram o livro “Um mandato, uma ponte: a prática ativista no legislativo”, com a proposta de apresentar - na teoria e na prática - a experiência de funcionamento do seu gabinete e do seu mandato ao longo destes oito anos na Câmara do Recife. “A gente literalmente desenhou como funciona”, diz Ivan Moraes.
A organização do livro ficou a cargo de Luciana Pinto, consultora independente contratada na reta final do mandato para esse trabalho. “Foi um grande desafio elaborar um material sem uma referência de modelo e com essa intencionalidade”, disse ela. A proposta do livro, afirmou Pinto, é “dialogar com organizações da sociedade civil e com mandatos legislativos”, para passar essa experiência política e organizativa adiante.
O conteúdo do livro é dividido em seis capítulos, além da apresentação, as considerações finais e fotografias. Os capítulos passam pelo perfil do vereador, o contexto político nacional e local em que os mandatos foram exercidos (de 2017 a 2024), a metodologia do que o mandato chama de “legislatura participativa” e a interação das ferramentas do mandato. O livro está disponível para download gratuito (clique aqui).
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Emocionado, Ivan falou com orgulho sobre sua equipe de trabalho e da diversidade que conseguiu na composição. “Metade é de mulheres, metade de pessoas negras, um terço se identificam dentro da sigla LGBT e temos residentes de todas as regiões político-administrativas (RPAs) da cidade. Temos uma equipe com a cara da cidade”, avaliou Moraes.
Ele organizou o gabinete em seis eixos temáticos - direito à cultura; saúde e política de drogas; direito à comunicação; assistência social, trabalho e renda; política urbana; e promoção da igualdade e respeito à diversidade - , dando autonomia para os grupos debaterem temas e construírem propostas. “Eu participava de todos os eixos, mas eu não ‘mandava’ - eu coordenava”, garante Ivan. Os grupos temáticos desenvolviam pesquisas, estudos, notas técnicas e outros documentos que deram subsídio para a atuação do mandato.
Ivan Moraes destacou foi um estudo desenvolvido pelo mandato que percebeu que as vacinas da covid-19, em 2021, estava chegando em maior quantidade para os bairros onde havia menos mortes, que eram também os bairros mais ricos do Recife. Um outro estudo, este em parceria com o departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica (Unicap), deu força aos trabalhadores do comércio informal para conseguirem 50 quiosques na Avenida Conde da Boa Vista, em 2020, quando a proposta da Prefeitura era removê-los, no fim da gestão Geraldo Júlio (PSB).
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Na conversa com os convidados, Moraes também destacou a experiência de - ao longo de oito anos - ter subido em mais de 1.000 ônibus exclusivamente para prestar conta do seu mandato, atividade que fazia semanalmente, falando dos trabalhos da semana e tirando dúvidas dos eleitores. “Faço questão de dizer que isso não foi ideia minha. Quando fui eleito, saí atrás de outros mandatos do Psol que pudessem me passar um pouco da experiência. E foi Sandro Pimentel (ex-)vereador de Natal (RN), que fazia isso por lá e eu decidi replicar”.
Outra decisão política mencionada foi sobre o cartão alimentação ao qual o mandato tem direito. “É um dos benefícios do vereador com o qual eu não concordo. É muito dinheiro para alimentação e a gente já recebe um salário bom. Então usamos esse cartão para oferecer pequenos apoios, como um café da manhã promovido por um grupo de mães, ou uma feijoada de uma associação de moradores”, lembrou Moraes.
Este ano, Ivan optou por não se candidatar para um terceiro mandato, cumprindo uma promessa de 2016, quando afirmou não ir além de dois mandatos - “tem que fazer a roda girar”, diz ele. O vereador ainda não fala publicamente sobre seus planos a partir de 2025.
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Edição: Vinícius Sobreira