Pernambuco

DESRESPEITO

MEC desrespeita democracia e nomeia reitor que não participou de eleições na Univasf

Nomeado pelo Ministro Abraham Weintraub, Paulo César assume a reitoria mesmo sem ter seu nome na lista tríplice

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A decisão do MEC vem sendo questionada pela comunidade acadêmica, que quer que o vencedor da consulta pública seja nomeado - ASCOM Univasf

Na última segunda (13), foi publicado no Diário Oficial a nomeação do professor Paulo César Fagundes Neves para assumir o cargo de reitor pro tempore da Universidade do Vale do São Francisco. Nomeado pelo Ministro Abraham Weintraub, Paulo César assume a reitoria da universidade mesmo não tendo participado de nenhuma das fases de consulta pública e nem ter seu nome na lista tríplice enviada pelo Conselho Universitário (CONUNI) ao MEC. 

Consulta


No fim de 2019, a chapa composta para reitoria por Telio Nobre Leite, que já foi vice-reitor da universidade, e profa. Lúcia Marisy Souza Ribeiro de Oliveira, que faz parte do antigo grupo de pró-reitores, foi eleita através de uma consulta pública com 57% dos votos. Legalmente, não é a consulta pública que define os eleitos, mas até então todas as votações, que tem participação de docentes, estudantes e técnicos-administrativos, norteavam a elaboração da lista tríplice. Após a consulta, o Conselho Universitário decidiu que enviaria ao MEC o ofício que indica as três candidaturas com nomes da chapa vencedora, o que é juridicamente possível. 


A reviravolta no processo eleitoral se tornou pública ainda em fevereiro, quando os professores Jorge Cavalcanti e Ferdinando Carvalho, este último que também foi candidato na consulta pública e ficou em segundo lugar, decidiram questionar na justiça o nome de um dos candidatos que foi enviado na lista tríplice, o do prof. Ricardo Santana, que está cedido à EBSERH para o Hospital Universitário (HU) de Petrolina e não em exercício na própria Univasf. O desembargador federal Cid Marconi, do Tribunal Federal da 5ª Região (TRF5), acatou a argumentação e decidiu suspender a lista tríplice, o que impediu a nomeação de Télio e Lúcia. O fim do mandato do antigo reitor, o prof. Julianeli Tolentino, encerrou no dia 05 de abril. Com o encerramento do mandado e a suspensão da lista tríplice, o MEC decide nomear um reitor pro tempore através da Portaria nº 384, publicada na última quinta (09) e publicada no Diário Oficial nesta segunda (13) nomeando como reitor o prof. Paulo César Fagundes Neves. 


Paulo César é formado em Medicina pela Universidade de Santo Amaro (UNISA) e é médico ortopedista e traumatologista. Desde 2006 ele é professor adjunto da Univasf, onde atua como chefe da disciplina de patologia médico-cirúrgica do aparelho locomotor e chefe da residência médica em ortopedia e traumatologia. Além disso, atua em Petrolina como médico em um hospital da rede privada, no Serviço Social do Comércio (SESC) e na Associação Petrolinense de Amparo à Maternidade e à Infância (APAMI). 

A decisão do MEC vem sendo questionada pela comunidade acadêmica. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) se posicionou contra a nomeação do prof. Paulo César, afirmando em nota que o processo foi antidemocrático, já que toda a movimentação para suspensão da lista e nomeação foram “inconformes com o proceder democrático e iniciaram uma série de ataques com o objetivo de alterar este processo e desafiar de maneira assombrosa a vontade da maioria da comunidade acadêmica”, como afirmaram em nota pública. O Diretório vem colhendo assinaturas através de um abaixo assinado virtual, que já possui mais de 2 mil assinaturas contra a nomeação e propondo ao MEC que seja eleito como reitor pro tempore o candidato eleito Telio Nobre ou o ex-reitor Julianeli Tolentino, que já manifestou  seu interesse em assumir o cargo de maneira temporária até o tramite em julgado da lista tríplice, que ainda não possui data para ser finalizado.

Edição: Monyse Ravena