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eleições 2022

Em Pernambuco, Carlos Veras abre mão e PT se une por Teresa Leitão no Senado

Danilo Cabral e o PSB devem decidir entre ela ou André de Paula (PSD) para a candidatura ao Senado na Frente Popular

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Agora a educadora Teresa Leitão é a indicação do PT para ser candidata ao Senado pela Frente Popular - Comunicação PT Pernambuco

Na noite desta quarta-feira (27) o deputado Carlos Veras (PT) divulgou nota abrindo mão da sua pré-candidatura ao Senado, deixando a vaga para a outra postulante, Teresa Leitão (PT). Os dois petistas competiam internamente para terem a indicação do partido visando ocupar a vaga de candidato ao Senado na chapa da Frente Popular, que tem Danilo Cabral (PSB) como candidato a governador. Mesmo com o PT chegando a um consenso, ainda cabe ao PSB definir se acata o nome de Teresa ou se vai optar pelo deputado federal André de Paula (PSD).

Desde a definição do nome de Danilo Cabral como candidato da Frente Popular ao Governo do Estado, o Partido dos Trabalhadores (PT) tenta garantir um nome seu na candidatura ao Senado pela aliança. Mas após um mês de reuniões sem definições, no dia 20 de março foi aprovado o nome da deputada federal Marília Arraes como indicada do partido. Apesar de ter colocado seu nome na discussão, Arraes é adversária declarada do PSB, seu antigo partido. Diante da nova aliança entre PT e PSB, Marília recusou a indicação ao Senado, saiu do PT e agora é pré-candidata a governadora pelo Solidariedade.

As opções ficaram então entre a deputada estadual Teresa Leitão e o deputado federal Carlos Veras. Após três semanas de discussões sem chegar a um consenso, no último dia 14 de abril Veras ganhou a indicação num processo de votação interna do grupo tático eleitoral (GTE) do partido. Mas uma reunião do GTE nacional, na noite desta quarta (27), mudou tudo novamente: Carlos Veras recuou a postulação em favor de Teresa.

“Agradeço imensamente ao povo pernambucano, às entidades e organizações do campo e da cidade, à militância e a Executiva do PT Estadual, que apoiaram e referendaram a minha indicação ao Senado Federal. Anuncio que serei novamente candidato a deputado federal, cargo que ocupo com muita honra”, disse o deputado em nota nas redes sociais. O texto diz ainda que seu movimento se dá “em nome de um projeto coletivo”.

Na mesma noite Teresa Leitão respondeu, também em suas redes, agradecendo o gesto de Carlos Veras. “Seguimos o caminho do fortalecimento do PT e da Frente Popular em Pernambuco. O propósito é criar as melhores alternativas políticas para o nosso estado. (...) Vamos Fortalecer e ampliar a unidade”, diz a nota. O texto ainda cita Veras como um exemplo de deputado que precisa ser eleito e reeleito para ajudar Lula num futuro governo.

Pedagoga concursada na rede estadual, Teresa Leitão começou sua militância sindical na década de 1980 e em 1993 foi eleita presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Pernambuco (Sintepe). Em 2002 foi eleita deputada estadual. Está na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) há cinco mandatos se destacando na defesa das mulheres, cultura, Direitos Humanos, educação e serviços públicos. Hoje integra a direção nacional do PT e lidera o Setorial Nacional de Educação do partido.

Mas quem bate o martelo é o PSB

No Partido Socialista Brasileiro (PSB), sigla hegemônica na Frente Popular e a quem cabe a decisão final, havia uma preferência pelo nome de Teresa Leitão (PT). Apesar da boa relação entre Veras e o PSB, os socialistas preferem ter na chapa uma mulher e um rosto mais identificado com o PT, caso de Teresa – educadora, sindicalista e figura histórica do PT em Pernambuco, estando em seu 5º mandato consecutivo como deputada estadual.

Sendo a chapa de Danilo apoiada por Lula (PT) e com um rosto feminino e historicamente identificado com o petismo, o PSB espera ter votos de parte do eleitorado de esquerda no estado (mas principalmente na região metropolitana), reduzindo os danos eleitorais causados pela entrada da ex-petista Marília Arraes (SD) na disputa pelo governo.

Mas ainda não é certo se o PSB vai querer essa mulher petista como candidata ao Senado ou a vice-governadora. Teresa Leitão já se posicionou recentemente dizendo que, caso seu nome não seja indicado ao Senado, ela será candidata a deputada federal, não estando disposta a ser vice-governadora.

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Com cenário acirrado em Pernambuco, chapas adiam definições para o Senado e vices

Na maioria dos partidos de centro-direita na Frente Popular há uma preferência pelo nome de André de Paula (PSD), deputado federal em seu 6º mandato e aliado fiel do PSB no estado há 10 anos. Ele, no entanto, é convicto em seus ideais à direita, tendo passado por PFL, DEM, PMDB e PSL antes de chegar no PSD. Foi favorável ao impeachment de Dilma Rousseff (2016) e também apoiou as reformas do ensino médio (2016), trabalhista (2017) e da previdência (2019).

Mas o PT, o PCdoB e mesmo setores do PSB preferem uma candidatura ao Senado do campo à esquerda. Neste sentido, o PCdoB também lançou a presidente nacional da sigla e atual vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, como pré-candidata ao Senado, também buscando a aprovação do PSB. Esses partidos acreditam que, dando uma identidade mais clara à “chapa de Lula” no estado, a elevada popularidade do presidenciável em seu estado natal vai impulsionar as candidaturas da Frente Popular.

Edição: Vanessa Gonzaga