Pernambuco

SERTÃO

No sertão do Piauí, instituto nascido durante seca fomenta ações agroecológicas e acesso à arte

Instituto Novo Sertão começou distribuindo água, mas hoje assessora produção agroecológica e tem até Banda Sinfônica

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Instituto Novo Sertão, fundado em 2015, conta com cerca 200 voluntários que atuam nas áreas de arte, educação, cultura e geração de renda - Divulgação/Instituto Novo Sertão

O período de estiagem que atingiu o Piauí entre os anos de 2010 e 2015 marcou a história da região e deixou nas famílias a incerteza de dias melhores naquela época. Mas foi neste mesmo período em que floresceu uma semente de solidariedade com a doação de insumos e água às famílias afetadas no município de Betânia, no interior do Piauí, ainda em 2012.

Esta corrente de solidariedade se transformou no Instituto Novo Sertão, fundado em 2015, que conta com 200 voluntários e desenvolve até hoje projetos de educação, agricultura familiar, arte e geração de renda que alcançam 800 pessoas. O projeto acredita não só no sertão como solo fértil para iniciativas como esta, mas também traz oportunidades aos sertanejos.

“O foco do instituto em suas atividades é essa ideia de um sertão que pode ser transformado a partir do que ele tem de bom e que as pessoas aqui não são miseráveis, não são pessoas que não sabem fazer nada ou, como algumas pessoas às vezes dizem, preguiçosas. É extremamente ao contrário”, afirma o fundador do instituto, José Carlos, que é conhecido como Zé da Água.

Ele destaca que a condição que a região atravessou se deu não só pela falta de água, mas de oportunidades “São pessoas muito trabalhadoras, cheia de talentos, mas que muitas vezes não chega investimento, não chega projetos de longo prazo para poder florescer. É isso que o Instituto quer ser, esse investidor, essa organização que enxerga no sertão um potencial e trabalha para que isso seja visto e se torne realidade”.

Leia: Regularização de território no Piauí beneficia 67 famílias que vivem do extrativismo do babaçu

Um dos projetos desenvolvidos pelo instituto é a Escola de Agricultura Familiar, que já capacitou cerca de 30 famílias no cultivo da terra e geração de renda. Só em 2021, as famílias produtoras colheram mais de 2 mil vegetais e legumes e tiveram uma renda extra de 20 mil reais. “A proposta é, além trabalhar com agroecologia e com economia circular, que as pessoas tenham mais recursos, consigam gerar uma renda a partir da sua própria terra”, destaca José Carlos.


O que começou como um gesto individual de solidariedade hoje é uma das 100 melhores ONGs que dá suporte a 800 pessoas / Instituto Novo Sertão

Outra iniciativa do projeto é o coral e da Banda Sinfônica Novo Sertão, que conta com a participação de mais de 30 crianças e adolescentes da região e ensina muito mais que música. “A gente vê o quanto o estudo musical pode transformar a vida de alguém, a vida do indivíduo porque ela não trabalha só o estudo musical, quando ela aprende um instrumento ela tá trabalhando toda parte cognitiva, a parte emocional, ela está trabalhando com praticamente todas as áreas e todos os sentidos do corpo”, destaca o professor de música Maycon Mesquita, que trabalha como voluntário no instituto.

Leia: Serra da Capivara abriga vestígios milenares da história do povoamento das Américas

Em 2021, o instituto foi considerado uma das 100 melhores organizações não-governamentais do País pelo seu trabalho para a comunidade pelo Prêmio Melhores ONGs, que é realizado pela organização 'O Mundo que queremos', pelo Instituto Doar e pelo Ambev VOA.

Apesar do reconhecimento do seu trabalho através de prêmios, a instituição mantém suas atividades através de doações. Para entrar em contato e fazer sua doação para o projeto, basta acessar o site.
 

Edição: Vanessa Gonzaga