Pernambuco

APICULTURA

Associação de Apicultores da BA incentiva o trabalho das mulheres no beneficiamento do mel

A AAPSSÉ - Associação de Apicultores de Sento Sé conta com 25 apicultores, entre homens e mulheres

Brasil de Fato | Recife, PE |
Toda produção das apicultoras da AAPSSÉ pode ser encontrada na loja de economia solidária Empório Meu Sertão e no Armazém Central da Caatinga, ambas em Juazeiro, na Bahia - Ascom Pró-Semiárido/divulgação

Na cidade de Sento Sé, no norte da Bahia, as mulheres do campo têm ganhado visibilidade no trabalho com a apicultura e com a meliponicultora, que é a criação de abelhas sem ferrão. O trabalho é desenvolvido desde 2002 através da AAPSSÉ - Associação de Apicultores de Sento Sé, que fica na zona rural do município no sertão do São Francisco, e conta com 25 apicultores que trabalham através do beneficiamento do mel da abelha Apis Mellifera, a abelha com ferrão.

Empoderamento Feminino

As atividades desempenhadas têm ajudado a subverter a lógica do machismo, além de melhorar a renda, garantir o empoderamento feminino e a sustentabilidade ambiental. A apicultora Margarida Ladislau é presidente da associação e nos conta sobre a motivação do surgimento da AAPSSÉ.

“Inicialmente a gente queria envolver outras pessoas, a juventude das comunidades, porque tinha muita evasão, o êxodo é grande. Então a gente viu a possibilidade da permanência dessa juventude, das pessoas na comunidade. Então foi aí que a gente entendeu que a nossa área é uma área viável para as atividades. A partir daí comecei a trabalhar com as abelhas, me apaixonei por elas, porque a gente primeiro viu a questão social, mas também ambiental e viu que a gente podia estar ativamente na economia; melhorou a renda da gente, então é uma coisa que mexeu com o todo e isso foi fantástico", destaca Margarida.

Machismo

As mulheres já sofreram preconceito devido ao trabalho, mas atualmente elas ocupam o mesmo espaço que os homens, é o que aponta Iara Nogueira é uma das apicultoras associadas a AAPSSÉ e trabalha desde o manejo das caixas com as abelhas até a comercialização do mel.

“Nós agora, homens e mulheres, trabalhamos no coletivo. Caminhamos juntos. Antes eles trabalhavam, comercializavam e ganhavam o nome de homem trabalhador, hoje nós mulheres estamos um passo à frente deles, mas também trabalhando junto. Hoje nós vamos para o campo, trabalhamos na casa, fazemos as mesmas funções que eles, então a gente trabalha no coletivo, no igual. Não existe ‘eu, homem, pego sozinho’, não”, destaca Iara. “Nós trabalhamos desde o início da produção. Do manejo de trabalhar com as caixas, levar ao campo, da colheita à comercialização. Nosso mel é comercializado nas feiras de economia solidária e nas feiras agroecológicas também, no mercado institucional e convencional também”, conclui.

Geração de Renda

Este trabalho com as abelhas se tornou a principal fonte de renda de algumas famílias, como a da apicultora Jaciara Ladislau. "No primeiro momento o resultado não é imediato com a apicultura, mas no segundo ano a gente já vê um dinheiro que faz muita diferença na vida das apicultoras dentro da associação. Então, uma renda que a gente tinha anual de, por exemplo, R$3 mil passa a ser R$7 mil só com a carreira de apicultora. Então, isso foi o que mais me fortaleceu dentro da apicultura, então essa renda não passa a ser uma renda complementar e sim a renda principal dentro da minha casa”, explica Jaciara.

Toda produção das apicultoras da AAPSSÉ pode ser encontrada na loja de economia solidária Empório Meu Sertão e no Armazém Central da Caatinga, ambas em Juazeiro, na Bahia.

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Edição: Elen Carvalho